terça-feira, 19 de abril de 2011

Como Estrelas Na Terra - Toda criança é Especial

Este filme é um dos meus favoritos. A primeira vez que o assisti foi na universidade, em uma aula da disciplina Psicologia da Educação. Lembro-me que, no início da exibição, o auditório da faculdade estava repleto de estudantes (de olhos enxutos). Contudo, à medida em que as cenas se passavam, percebi que já não havia mais lugar para tanta emoção. Nunca havia visto um número tão grande de mulheres chorando! Realmente é difícil não deixar as lágrimas rolarem com essa história... 


Taare Zameen Par, lançado em Dezembro de 2007, foi a primeira (e até agora, única) incursão do ator e produtor Aamir Khan pela tarefa da realização. É um filme especial.
Contrariando a tendência do cinema comercial, Aamir Khan decidiu realizar um filme centrado na infância. Não numa infância idílica e nostálgica, como aquela que gostaríamos que todas as crianças tivessem, nem na infância ultra-dramática e traumatizada das crianças exploradas por esse mundo fora.
Taare Zameen Par é um filme sobre a infância protegida e ao mesmo tempo cruel que têm as crianças que abandonam o aconchego familiar e o abraço materno para serem lançadas no mundo competitivo do sucesso académico que, para os melhores, será a garantia de um futuro próspero e respeitável.
A estrela - literalmente - de Taare Zameen Par é o seu pequeno protagonista Darsheel Safary, cuja personagem, Ishaan, é aquele miúdo que todos tivemos como colega na escola. Distraído nas aulas, palhaço da turma, e constantemente castigado pelos professores.
Desde o início do filme que acompanhamos a visão de Ishaan, tornando-a nossa. E sentimos que ele é injustiçado, incompreendido e que não é mau rapaz. Pelo contrário. É imaginativo, audaz e particularmente engraçado.
O problema de Ishaan é apenas um: a dislexia que faz com que as letras saltem do seu lugar e o impeçam de ler ou escrever correctamente. Do mesmo modo, os números parecem troçar dele e fugir do sítio, o que também atrapalha o cálculo matemático.
Aos olhos dos professores, Ishaan é um falhado. Para os pais, é preguiçoso.
Como tal, decidem colocá-lo num colégio interno que o discipline. E é mais ou menos isso que acontece. Humilhado e afastado do amor da família, o espírito de Ishaan fica quebrado e ele deixa de pintar, de fazer graçolas e de sorrir.
O único amigo que tem no colégio é curiosamente o melhor aluno da turma, que é perspicaz o suficiente para perceber a origem da dificuldade de Ishaan e reconhecê-lo como o rapaz inteligente e sensível que é.
Quando entra em cena um novo professor de desenho (interpretado por Aamir Khan), este identifica o problema de Ishaan e decide pôr mãos à obra. Por essa altura, já Ishaan se encontra apático e deprimido, e esta tarefa, outrora potencialmente fácil, requer um empenho extra por parte do professor e, por extensão, do restante meio escolar e familiar.
Podemos reconhecer em Taare Zameen Par uma visão mais alargada daquilo que o cinema pode (e deve) ser. Os ângulos em que certas cenas são filmadas, a forma como a narrativa se desenrola, e as inclusões de cenas animadas aqui e ali tornam Taare Zameen Par um regalo visual.
A nível interpretativo, a prestação de Darsheel Safary é maravilhosa. É impossível que todos os seus gestos, atitude desafiadora e olhar vivaço estivessem no guião. Ou se calhar até estavam, mas a naturalidade com que fluem é impressionamente.
Mas... e tinha de haver um "mas". A entrada de Aamir Khan em cena traz uma grande carga de teatralidade a um filme que, até então, estava a primar pela naturalidade. As cenas musicais que surgem no filme a partir daí são, no mínimo, dispensáveis, e o seu discurso hiper-pedagógico rouba ao filme um realismo que até aí era imaculado.
Mas o fato é que Aamir Khan parece ser o artista com mais consciência social em Bollywood e usa todos os seus filmes como veículo para mensagens que, na verdade, são maiores e mais importantes que os filmes em si.
E em Taare Zameen Par a mensagem é esta: respeitem a individualidade de cada criança e não as arrastem para o mundo competitivo das ambições projectadas pelos pais e pela sociedade. Cada criança é especial e cada uma tem direito ao seu espaço. Como uma estrela.

Se as atividades acadêmicas fossem mais generosas, me dando um pouco mais de tempo para escrever para o blog, iria comentar minhas experiências com esta obra fílmica. Mas... São provas, seminários, leituras, fichamentos etc. etc.
Assim mesmo, coloco, aqui, talvez a característica que mais me impactou no filme, a qual, inclusive, é de extrema importância e indispensável na práxis pedagógica: o ser sensível ao outro e a si mesmo, a afetividade. 
Seguem algumas imagens que marcam essa fascinante história: 



************************************************************************
************************************************************************


************************************************************************


 ************************************************************************

************************************************************************


************************************************************************


************************************************************************

2 comentários:

  1. Por favor me informe se existe esse fime dublado e onde posso encontrá-lo! Meu nome é Felipe, sou professor e meu e-mail é scj.felipe@gmail.com

    ResponderExcluir
  2. ótimo filme ...diria maravilhoso ^_^

    ResponderExcluir