sábado, 30 de abril de 2011

ESCOLA E SOCIEDADE - Atividade do Estágio Supervisionado

Abaixo, uma projeção, a princípio, um esboço, com minhas reflexões a fim de atender às provocações postas por meu professor de Estágio Supervisonado I.

Ah! A charge com Mafalda e Manolito foi aqui colocada como recurso para também refletir sobre a questão...



Qual a função do processo educacional escolar em uma sociedade? Como isso tem ocorrido no Brasil?
Para entender a função do processo educacional escolar na sociedade não podemos deixar de destacar a existência de uma dicotomia social construída historicamente e acentuada, sobretudo, com o advento do capitalismo.
Por um lado há a classe dominante, que considera a educação como um meio de habilitar técnica, social, ideológica e politicamente a classe trabalhadora, os dominados. Assim, na sociedade de produção capitalista, o homem não é mais aquele sujeito histórico que se humaniza nas relações que vivencia com os outros, mas um indivíduo que deve ser educado/instruído para vender sua força de trabalho, tornando-se assim nada mais que um produto para gerar mais lucro ao sistema.
Ora, existe, nesta ideologia, outra função para a educação escolar que não seja a conservação do status quo, a conformação social e, por conseguinte, a “idiotização” dos alunos, excluindo dos mesmos a capacidade de julgar criticamente a realidade? Temos visto que a escola brasileira, em geral, preserva essa concepção de educação desde seu início até os dias atuais, ou seja, desde as primeiras intervenções educacionais, mediadas pela instituição escola, existe a submissão a esta concepção de educação, que visa sempre perpetuar a cômoda condição da classe dominante.
Para isso, a escola apresenta ao aluno o caráter abstrato do saber, utilizando métodos que são apresentados de forma linear, baseados na exposição verbal e na demonstração dos conteúdos, ignorando as outras formas de apropriação do conhecimento, bem como as experiências trazidas pelos alunos. O que acaba tornando a prática pedagógica estática, sem questionamentos da realidade e das relações existentes, sem pretender qualquer transformação da sociedade.
Vemos, com isso, que se trata de um controle da função social da escola para subordinar a educação aos objetivos do sistema capitalista, isto é, uma educação meramente em função da demanda do capital.
No entanto, em outro plano ideológico, compete à educação escolar o desenvolvimento físico, social, moral, emocional, filosófico, político e intelectual dos homens, enquanto sujeitos históricos, agentes de transformação social. Nesta perspectiva, a escola é uma agência de socialização, por meio da qual é possível a apropriação do saber social, o que engloba os conhecimentos, atitudes, valores etc., construídos historicamente pelas sociedades humanas, enfim, numa perspectiva crítica que percebe o homem em sua totalidade. Certamente, essa tendência de conceber a educação escolar como formadora de sujeitos críticos é oposta aos interesses da elite, por isso, é tão raramente promovida em nosso país. 
Isso posto, vemos que a função social da educação escolar é multifacetada, decorrente especialmente dessa relação dicotômica: a de luta entre classes. De um lado a conformação, a manutenção social; de outro, a possibilidade de modificação, de libertação, emancipação. Contudo, mesmo diante dessa problemática, é possível concluir que o real papel da educação escolar, enquanto uma prática que se relaciona dialogicamente com a sociedade e que se constitui em um importante instrumento no processo de intervenção e transformação social, é de elevar o nível de consciência do educando a respeito da realidade que o cerca, uma vez que esta não está pronta e acabada; a fim de torná-lo capaz para atuar eficazmente, no sentido de buscar sua emancipação econômica, política, social, cultural etc.
          Visando esse fim, a escola deve, para intervir viva, pedagógica e politicamente, levar em consideração, que a educação se constitui numa atividade humana e histórica que se define, não apenas em atividades isoladas e restritas aos seus muros, mas na totalidade das relações sociais.

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