sexta-feira, 15 de abril de 2011

Compreendendo o contexto contemporâneo - EDC287

Um dos motivos da existência deste blog é a disciplina EDC287 - Educação e Tecnologias Contemporâneas. A disciplina tem como objetivo a utilização das novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem. Esta possui o enfoque teórico-prático sobre o uso do computador e da tecnologia digital na educação, bem como as implicações pedagógicas e sociais desse uso. Além disso, propõe a elaboração de material audiovisual.
Abaixo, a referência e um breve comentário de um texto utilizado durante as aulas deste semestre.
BONILLA, Maria Helena. A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX. In: PRETTO, Nelson De Luca. Tecnologias e novas educações. Salvador : EDUFBA, 2005. p. 70-81.


Bonilla inicia o texto apontando as transformações vividas atualmente na sociedade e as metamorfoses que ocorreram com a cosmovisão do homem ao logo das eras. Transformações estas que em sua essência parecem tão complexas, talvez pelo ritmo pelas quais acontecem, diferentemente das que ocorriam no passado. A autora propõe uma análise minuciosa sobre a práxis pedagógica atual e a do futuro, refletindo ainda sobre os conceitos de realidade e verdade diante das crises do conhecimento científico no século XX. Bonilla segue afirmando que o processo de transformação é também fruto da cultura, sendo as mudanças científicas e tecnológicas intimamente ligadas com as alterações culturais que vem ocorrendo na sociedade. Assim, novas necessidades vão surgindo o que implica na criação de novos mecanismos que visem facilitar a vida da população, suprindo as necessidades.
No sentido da práxis pedagógica, enfim, visando a escola  que, inevitavelmente, está inserida nesse contexto de mudanças constantes da ciência e da tecnologia, precisa repensar seu papel frente a essas transformações. Deve acompanhar, sim, essas evoluções, contudo de forma reflexiva, planejada e (re)significativa. Meditando sobre esse aspecto, a autora referencia Morin (1996), afirmando que o modelo pedagógico não pode continuar seguindo programas pré-estabelecidos, que a ação da escola deve ser uma estratégia, "um cenário de ação que pode modificar-se em função das informações, dos acontecimentos, dos imprevistos que sobrevenham no curso da ação" (MORIN, 1996, p. 284-285). Seria, portanto, uma arte de trabalhar com a incerteza, com o pensamento complexo, um pensamento que sabe que sempre é local, situado em um tempo e em um momento; não um pensamento completo, onisciente, pelo contrário, um pensamento que sabe de antemão que sempre há incerteza.
Vemos, com a leitura do texto, que a autora aborda vários fios condutores para incontáveis reflexões/discussões. Mas nos remete, principalmente, a esta questão: a compreensão de que o mundo, sua história, relações em sociedade, cultura etc. estão sempre em mudança, em constantes transformações. E isso precisa ser entendido principalmente na educação. Assim, acredito que a escola atual, em geral tradicionalista, conteudista e hegemônica, não pode mais assumir esse tipo de postura, compactando o conhecimento e, muitas vezes distorcendo-o com seu discurso de manutenção social e ideologia da elite dominante. Assim, vemos que para a alteração do modelo pedagógico atual deve-se investir na formação e qualificação do docente para que assim o educando em formação acompanhe as mudanças tecnológicas do meio social.

Percebe-se, portanto, que o texto provoca inúmeras indagações, entre as quais, coloco a seguinte: se vivemos em um mundo complexo e interligado, no qual novas informações nos fazem, a todo o instante, mudar de planos, rever conceitos, (des) construir, por que a escola ainda teima em ensinar certezas e conhecimentos que parecem únicos e absolutos? Vivenciamos uma época em que urge a necessidade do novo, do inventivo e do autêntico. Espero que nós, enquanto estudantes e, futuramente, educadores, nos empenhemos em romper com a estrutura educacional da estagnação... Que busquemos, refletindo e agindo sobre a práxis pedagógica, o despertamento da curiosidade, o aguçar do saber, a reforma do pensamento, sempre o colocando diante de inquietações. Afinal, não é, também, por e para isso que estudamos?

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