sexta-feira, 9 de março de 2012

Ciclo Mutações elogio à preguiça - Curadoria: Adalto Novaes



Salvador | 20 de março a 12 de abril de 2012
Curadoria: Adauto Novaes


Elogio à preguiça 


O trabalho deve ser maldito,
como ensinam as lendas sobre
o paraíso, enquanto a preguiça
deve ser o objetivo essencial do
homem. Mas foi o inverso que
aconteceu. É esta inversão que
gostaria de passar a limpo.



Malevitch, A preguiça como verdade definitiva do homem


Começa no próximo dia 20 de março, terça-feira, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA, mais um ciclo de conferências idealizado e dirigido por Adauto Novaes, Mutações: elogio à preguiça.


A professora Olgária Matos abre o ciclo, no dia 20, às 19 horas, com a palestra “Educação para a preguiça”.


Seguem-se as palestras, sempre às 19 horas:


Rousseau e os devaneios do caminhante solitário, por Franklin Leopoldo e Silva
21 de março / QUA


Dizer sim ao ócio ou “Viva a preguiça!”, por Oswaldo Giacoia Junior
22 de março / QUI


Poesia e preguiça, por Antonio Cicero
26 de março / SEG


O esgotamento da ética do trabalho, por Vladimir Safatle
27 de março / TER


A moderna experiência do progresso, por Marcelo Jasmin
28 de março / QUA


Sexo, preguiça, bonheur , por Jorge Coli
02 de abril / SEG


O leitor preguiçoso, por Francisco Bosco
03 de abril / TER


Sobre inércia e estabilidade, por Luiz Alberto Oliveira
04 de abril / QUA


Experiência de improdutividade, por Guilherme Wisnik
10 de abril / TER


Sobre a virtude da lentidão, por João Carlos Salles
11 de abril / QUA


Da preguiça como metafísica, por Renato Lessa
12 de abril / QUI


Elogio à preguiça é uma realização da Artepensamento, do Sesc São Paulo, da Casa Fiat de Cultura e da Caixa Cultural e Ministério da Cultura. Na Bahia, é promovida especialmente pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.
Adauto Novaes fala sobre o novo ciclo: “A proposta de um ciclo de conferências sobre a preguiça pode parecer estranha. Talvez fosse mais correto refletir sobre seu oposto, o trabalho, uma vez que os sociólogos dizem que nunca se trabalhou tanto como hoje. Mas, por estar tão próximo e envolvido, de corpo e alma, nas ideias de progresso e na construção da civilização técnica, muitas vezes o trabalhador perde a con¬sciência da sua condição. O mundo do trabalho recebe de cada trabalhador sua força, sua ação e seus impulsos. A existência deste mundo, tal como o vemos, será tão mais potente quanto mais ignorarmos que ele vem de nós, de nosso espírito. A escolha do ocioso não é, pois, arbitrária: ao se pôr à distância, ele pode ver melhor as contradições e dizer qual o sentido da vida no mundo do trabalho incessante. E talvez dar razão a Albert Camus: “São os ociosos que transformam o mundo porque os outros não têm tempo algum”.
A série sobre as Mutações começou em 2007, com o ciclo Mutações – novas configurações do mundo e analisou de que maneira a ciência e a técnica estão produzindo transformações em todas as áreas da atividade humana; em 2008, Mutações - a condição humana analisou o que é viver neste mundo, dominado pela tecnociência; no ciclo de 2009, o tema foi o vazio do pensamento, em Mutações – a experiência do pensamento; em 2010, o debate foi sobre o papel das crenças ativas e passivas em Mutações – a invenção das crenças chega. Em 2011 Elogio à preguiça vai refletir sobre a condenação da preguiça, pelo mundo do trabalho mecânico e da importância do ócio no desenvolvimento do trabalho intelectual e artístico.
“Sabe-se que uma única palavra é suficiente para arruinar reputações e, entre todas, a preguiça é, certamente, uma das mais suspeitas e perigosas. Dela decorre longo cortejo de acusações bizarras, mas também noções de obras de arte, poesia, romance, pinturas, reflexões filosóficas: o preguiçoso é indolente, improdutivo, nostálgico, melancólico, indiferente, distraído, voluptuoso, incompetente, ineficaz, lento, sonolento, silencioso: quem se deixa levar por devaneios. Apesar da oposição, preguiça e trabalho guardam um misterioso parentesco, quase simétrico e especular. A vida íntima que a preguiça leva com o trabalho pode-nos revelar que o preguiçoso trabalha muito. Como?
Para o preguiçoso, “é preciso ser distraído para viver” (Paul Valéry), afastar-se do mundo sem se perder dele, sendo ele, exatamente por isso, acusado de em nada contribuir para o progresso. Além de praticar crime contra a sociedade do trabalho, o preguiçoso comete ainda pecado capital. Pela lógica do mundo do trabalho e da Igreja, o preguiçoso deve, portanto, sentir-se culpado e pagar pelo que não faz.”




Informações:
Secretaria da FFCH-UFBA (71)3283.6431
das 8h30 às 12h30
(Ver também o folder abaixo, com a descrição das palestras)


Inscrições:
no site da FAPEX: www.fapex.org.br/mof


Maiores informações:
http://www.ffch.ufba.br/spip.php?article601