quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mediação Didática: ou isto ou aquilo!?

                                                                                                 Por: Leandro Almeida dos Santos
Na contemporaneidade, ou pós-modernidade vivencia-se um processo dinâmico em todas as esferas sociais, pois são descentramentos e deslocamentos os quais fragmentam as identidades que outrora eram tidas como fixas, sólidas, estáveis etc. Contudo, o que se percebe, em geral, são discursos muito rígidos, principalmente entre os educadores, ou formadores educacionais, que traduzindo para a linguagem coloquial são os “fessôres” e as “fessôras.”
Ao analisar as práticas pedagógicas no Brasil, vislumbrei os diversos “fessores/as” que tive durantes minha vida escolar, desse modo, pude perceber que apesar de muitos, mesmo que (in) conscientemente, levantarem bandeiras de práticas pedagógicas, eles eram ou são formados, em sua maioria, por um pouco de cada teoria.
“Ou se tem chuva e não tem sol,ou se tem sol e não tem chuva!”
Os jesuíticos... “Cala boca, menino!”; “Já lhe disse que não é assim, eu já ensinei o modo certo de fazer.” São expressões predominantes super cristalizadas por esses professores, desse modo, eu entrava na sala de aula com tanto medo que nem ousava a “respirar.” E tem mais, me sentava no fundão, pois realmente me sentia um aluno sem habilidades de encarar O PROFESSOR (detentor do saber). Graças a Deus, como sempre fui um aluno aplicado aos estudos, sempre ganhava uma atenção diferenciada desses. Disciplina e ordem eram as palavras fundamentais e indispensáveis nesse contexto.
 “Ou se calça luva e não se põe anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!”
Nesse sentido, o porquê não criar uma nova escola, ou uma Escola Nova? Há uma tendência natural de que o novo, ás vezes, sempre vai de encontro com o que predominou, e nisso Anísio Teixeira fez muito bem, pois uma das suas ideologias principais era voltar às costas ao tradicional, clássico e velho e criar um espaço escolar-pedagógico novo construído pelo alunado. Minha fessôra dizia todas as aulas: “Vamos experimentar!”, e todos os meus coleguinhas ficavam felizes, afinal aula de Química sem cálculos, só experimentos no laboratório, era tudo de bom.
“Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.”
Não podendo dissociar a educação dos fatos históricos, antes de detalhar a Tecnopedagogia (tendência que voltou com muita força, ultimamente, com o Ensino à Distância-EAD. Que em muitos casos o ensino faz jus ao nome, realmente o estudante fica distante do ensino de qualidade.), vale ressaltar que, esse tipo de mediação surgiu após a instalação do período ditatorial dos militares aqui no Brasil. Como nessa época a “voz” era algo que incomodava, pensou-se em evidenciar coisas que fossem controladas por eles (os militares), assim os recursos tecnológicos roubaram a cena. Acredito que você esteja se perguntando, cadê o professor? Pois é...  Também estou à procura dele! Os meios eram os divos do momento.
“É uma grande pena que não se possa. Estar ao mesmo tempo nos dois lugares!”
“(...) Liberdade pra dentro da cabeça, liberdade pra dentro da cabeça (...)” Praticamente podemos inferir que a pedagogia pregada e defendida por Paulo Freire priorizava uma vertente libertadora, com isso confrontava-se com os conteudistas. Freire sugeriu uma nova postura dos professores em sala de aula, sendo a forma tradicional de arrumação das cadeiras sendo remodeladas para círculos, desse modo, colocando todos na mesma posição vertical, sentados e com possibilidades iguais de expressar-se. Então, percebe-se que a palavra dessa época era o DIÁLOGO, sim? Isso me fez lembrar as famosas aulas de História do Brasil no 2º ano do Ensino Médio, e já pegando o gancho das ideologias sócio-políticas e problematizadoras freiriano, por que Ensino Médio, hein? A pedagogia libertadora foi muito além de ato político, sobretudo era compreendida por ser um ato de amor, e amar é liberdade, será? Outra problematização...
“Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,  ou compro o doce e gasto o dinheiro”
Os mestres da Pedagogia histórico-crítica, risos, são os chamados revolucionários, que se por um lado assustam por objetivarem uma revolução social, por outro eles armam, vestem os estudantes menos favorecidos dos mesmos instrumentos dos das classes favorecidas. Essa pedagogia ganhou vulto em algumas universidades, ou melhor, ficou restrito às universidades. Nesse contexto, adequei os históricos-críticos a um trecho da música Pensamento do grupo Cidade Negra, “(...) e o pensamento é o fundamento, eu ganho o mundo sem sair do lugar (...) Acorda meu Brasil, com o lado bom de pensar (...)”, sendo que as transformações pretendidas no plano macro (socias) seriam possíveis, caso, primeiramente essas forem feitas no plano micro ( dentro de cada estudante, e nas salas de aula). Contudo, ficou uma lacuna no que tange a compreensão dos modos de aprendizagem das crianças.
“Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...  e vivo escolhendo o dia inteiro!”
Mediação didática da moda, o Construtivismo. Essa é a prática pedagógica mais utilizada ultimamente por escolas e educadores, pelo menos em seus discursos. Pretende-se associar o ensino-aprendizagem à ludicidade, o saber é construído na interação do professor (mediador) – objeto- estudante (mediado) = CONHECIMENTOS. A tarefa do mediador é instigar e provocar o mediado, sempre levando em consideração à bagagem de conhecimentos prévios do estudante, sendo os erros totalmente aceitáveis nesse processo de construção do saber. Acredito que, os educadores são inspirados na ideia de Rubem Alves, quando este renomado autor diz: “A tarefa do professor: mostrar a frutinha. Comê-las diante dos olhos dos alunos.  Provocar a fome. Erotizar os olhos, fazê-los babar de desejo. Acordar a inteligência adormecida...” Dessa forma, o professor faz parte do processo, contudo ele irá estimular seus alunos.
“Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.”
Por fim, aproveitando o momento pós-moderno e da predominância do Construtivismo, com o intuito de provocá-los, cito e ratifico a Cecília Meireles:
“Mas não consegui entender ainda / qual é melhor: se é isto ou aquilo.”

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