quarta-feira, 4 de maio de 2011

Horizonte – Betty Vidigal


O horizonte é o mesmo.
Mas há esta nova claridade que me sufoca o olhar.
Caminho a esmo.
Hoje não quero pensar.


É que mudou a lua,
e tudo se transforma.
Cobre-se a Terra de uma terra nova
e as marés se tornam violentas.


Somente eu vou lenta, lenta.
Concentrada em não chorar.


Não que tenha perdido a alegria
por completo:
o caminho não havia de sempre reto
e eu já sabia disso muito antes
de decidir te acompanhar.


Mas agora, a noite me tomou.
E eu me tornei, subitamente,
o que não sou:
sem norte, sem destino.
O que se extraviou,
de mim, por esta estrada?
Eu vinha te seguindo e não te vejo mais.
E estava tão habituada.


O horizonte é o mesmo.
Só lhe falta
a longa silhueta que eu seguia
e contemplava.


É que mudou a lua, e tudo se transforma.
Somente a linha do horizonte permanece inalterada.
 
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