sábado, 7 de maio de 2011

Feliz dia das mães!


Mãe...
Sinônimo de amor, doação, afeto, de verdade, sem tempo, nem momento... 

Essa é minha pequena homenagem às mães!

Especialmente às minhas duas mamães: Lucineide  e "mainha" Júlia.

Ô, mãe, obrigada por sua presença sempre pontual, tão importante e insubstituível! Te amo!!!
Vovozinhaaaa, amor de minha vida! É bom demais ser sua neta, um dos maiores privilégios do meu pequeno ser.
Amo tu, minha alegria!!!  

Mãe, A Gente se Liga - Marcelo Crivella

Composição : M.Crivella

Mãe
É o calor que sentimos
É a voz que ouvimos
Antes de nascer

Mãe
É a pura amizade
É a maior saudade
Que alguém pode ter

Mãe
É o amor sem medida
É a mão estendida
A nos abençoar

Mãe
É o remédio que cura
Com a doce ternura
De um simples olhar

Mãe
É o coração que sente
O que está dentro da gente
É quem sofre a nossa dor

Mãe
É a alma que não peca
É o rio que não seca
É a fonte do amor

Refrão:
Mãe, minha mãe, minha amiga
Tua voz me consola, Teu colo me abriga
Mãe, minha mãe, minha amiga
A gente se liga desde a sua barriga

Mãe
É o tempero perfeito
É o doce de côco
É o amor, o respeito
A imagem querida
Que até um louco
Carrega no peito

Mãe
É a palmada de amor
Que dói um pouquinho
É o Anjo da Guarda
É o lar, é o ninho
É a luz que ilumina
O nosso caminho

Mãe
É a discussão
Que sempre acaba em perdão
É a briga sem mágoa
É o sabão, é a água
Que lava e consola as tristezas
Do nosso coração

Mãe
É o amor de coruja
Que não vê o defeito
Do filho perfeito
Do seu coração
É a infância querida

É o berço da vida
Onde a gente feliz
Naquele colo tão lindo
Dormia cantando
E acordava sorrindo...

:)

Deus abençoe a minha mãe querida,
Deus abençoe todas as mães!

7 conto no Teatro Castro Alves!


Evento: 7 Conto
Data: 8/5/2011
Local: Teatro Castro Alves - Sala Principal
Endereço: Praça 2 de julho, s/n
Horário: 20h
Ingressos: No local
Valor: R$40 (inteira)
Site:
www.tca.ba.gov.br

Mais Informações:

Quem quiser fechar o Dia das Mães dando boas gargalhadas não pode perder “7 Conto’, com o ator Luís Miranda. Desde 2006 em cartaz, o espetáculo já foi aplaudido por mais de 355 mil pessoas e, só em Salvador, de setembro de 2010 a fevereiro deste ano, foram quase 25 mil espectadores. Esta é a última oportunidade de mães, pais e filhos verem Queixada, o guardador de carros doublé de filósofo; Dona Edite, a líder comunitária sem papas na língua; Carolaine, a garotinha negra sem ícones na TV; o rapper ricaço MC Dollar; o sensacionalista apresentador do programa Brasil Elite, Detona, além de se divertir com as viagens mundo afora da socialaite Sheila e com as trapalhadas da Vovó Arminda.

Gente, como diz Dona Edite... esta peça é "perdívi"!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Diálogo? Para quê?



Há uns três dias, Paulo Freire chamou minha atenção de modo muito especial dizendo que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, as pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo”. Certamente, tal afirmação ficou ecoando em minha mente. E isso, a tal ponto que comecei a analisar e (re)pensar meu processo formativo, minhas experiências e expectativas com a educação, (in)certezas, possibilidades etc.. 

Hoje, uma sexta-feira um tanto cansativa, passando pela biblioteca da Faced, encontrei um livro e, nesse livro, verifiquei um outro pensamento de Freire, o qual complementa aquela afirmação inquietante que mobilizou meu pensar no início da semana. Na obra, em referência ao diálogo e sua importância na educação, Freire afirma que "não se pode pensar pelos outros nem para os outros nem sem os outros. A significação do diálogo está no fato de que os sujeitos dialógicos crescem um com o outro. O diálogo não nivela, não reduz um ao outro. Ao contrário, implica um respeito fundamental dos sujeitos nele engajados" (FREIRE, 1992, p. 117-118).  

Nossa! Como é interessante essa relação eu-outro-mundo... Mas por que muitos professores, não todos, mas a maioria, não contemplam essa dimensão da educação? Por que pensam que somente eles podem ensinar? Por que não consideram o exercício da dialética em suas práticas pedagógicas? Enfim, comecei a "pedafiloletrar"! E continuo nesse exercício...
   
No momento, minha intenção não é desenvolver aqui uma extensa análise acerca do assunto, até porque, hoje é sexta-feiraaa... rsrs Ufaa! Meu intuito é, portanto, compartilhar essa reflexão inicial e, quem sabe, em outras postagens dar continuidade, falar um pouco mais sobre a Pedagogia Libertadora.

A propósito, a referência do livro:

ABRAMOVAY, Miriam. UNESCO. Escolas inovadoras: experiências bem-sucedidas em escolas públicas. Brasília, D. F.: UNESCO, 2003.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Traduzir-se - Ferreira Gullar


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)

Sonhos de menina - Cecília Meireles


 

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?

Sonho
risonho:

O vento sozinho
no seu carrinho.

De que tamanho
seria o rebanho?

A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha . . .

Na lua há um ninho
de passarinho.

A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Rede: o que é isso?

 

Algumas pessoas podem perguntar: “o que é exatamente uma rede de computadores?” Vamos responder através de um exemplo. Imagine que você é funcionário de uma grande empresa e está trabalhando num documento em seu computador. A certa altura, precisa de dados do setor de contabilidade, que fica no terceiro andar. Mas você trabalha no vigésimo andar e, convenhamos, seria pouco prático ir até lá pegar as informações. Sem falar que seu chefe pediu o documento com urgência!
É para isso que serve a rede. Através dela, você pode acessar o computador do setor de contabilidade sem sair da sua sala (isto é, remotamente, a distância). A rede permite, portanto, que se compartilhem informações. Terminado o trabalho, você quer imprimi-lo, mas não tem uma impressora ligada ao seu computador. Mais uma vez você utiliza a rede, que permite que uma impressora seja usada por diversos usuários. Neste caso, a rede possibilita que se compartilhem recursos.
Agora podemos dar a definição: uma rede de computadores é um conjunto de computadores interligados capazes de compartilhar informações e recursos. Essas redes são chamadas de redes locais, ou LANs (Local Area Networks).
No mundo todo existem milhares de redes de computadores: empresas, bancos, escolas, universidades, institutos de pesquisa, hospitais, órgãos de governo, etc., a maioria deles tem sua própria rede. Mas antes da Internet, cada rede estava restrita aos limites da própria organização. Assim, por exemplo, dados armazenados num computador de uma universidade só podiam ser acessados no próprio computador ou através da rede dessa universidade. Pessoas de fora não tinham como acessá-lo. Essas redes existiam isoladas umas das outras. Às vezes havia interligação entre universidades, ou entre empresas, de uma mesma cidade ou região. Formavam redes metropolitanas ou redes regionais.

Filme: Piratas Do Vale Do Silício

Na última aula da disciplina EDC287, Educação e Tecnologias Contemporâneas, foi-nos oportunizado assistir este filme. A experiência foi extremamente enriquecedora, pois a obra fílmica trata de um assunto que eu, até então, não conhecia a fundo: o surgimento dos computadores pessoais e das grandes empresas de hardwares e softwares.


Será que conseguimos imaginar um mundo sem celulares, computadores e MP3? Talvez até consiga, visto que tudo isto ainda é muito novo e a maioria os adultos de hoje nasceram num tempo onde o que temos em abundância em qualquer lugar era algo raríssimo de vermos antes dos anos 90.
Entre pontos negativos e positivos da revolução tecnológica, não podemos deixar de destacar a fundamental importância na inclusão de um apetrecho que passaria a fazer parte na vida de qualquer pessoa: o PC (Personal Computer, ou Computador Pessoal). Hoje o computador pessoal é acessível para as diferentes classes. Podemos, inclusive, encontrar em diversas famílias não só um PC, mas também notebooks e netbooks para exemplares diferentes da sociedade.
Muito da popularização do PC é graças aos esforços de duas empresas de tecnologia: a Apple (conhecida pelo iPod e pelo iPhone) e a Microsoft (conhecida pelo Windows e pelo Office). Conhecer o início destas duas empresas e, principalmente, como surgiu a ideia por trás de seus fundadores (Steve Jobs e Bill Gates) é realmente um grande capítulo a ser incluido nos livros de história vindouros: traição, plágio, intrigas, persuassão e conflitos são os ingredientes que fizeram estas duas empresas decolarem para níveis estratoféricos.
O filme Piratas do Vale de Silício retrata bem a ascensão do império destes dois gigantes no mundo virtual. Nele observamos um jovem e ambicioso Bill Gates, calouro na Universidade de Harvard, junto com o seu colega Paul Allen desenvolverem uma linguagem chamada “Basic” para os primeiros computadores pessoais conhecidos como Altair 8800.
Paralelamente observamos um jovem hippie e temperamental chamado Steve Jobs, juntamente com seu colega Steve Wozniak, que havia iniciado o projeto Apple I na Universidade de Berkeley, largarem tudo para fundar uma empresa na garagem de Jobs chamada Apple. Algo interessante é que Wozniak na época trabalhava para a HP que, por contrato, exigia que seus funcionários apresentassem todas as ideias para si. Entretanto, quando Wozniak apresentou o seu Apple I, eis a resposta do executivo da HP: “Meu filho, quem é que vai querer um computador dentro de sua casa?”. Me pergunto como será que estes executivos conseguiram curar a dor de cabeça que surgiu posteriormente ao sucesso da Apple.
Outro ponto de destaque é o marco onde a Microsoft deixa de ser uma empresa pequena para tornar-se uma empresa multimilionária: quando o Sr. Gates vende um sistema operacional (o DOS) que ele não tinha a IBM e ainda mantém no contrato que o sistema continua sendo propriedade da Microsoft, que poderia vender o sistema para quem quisesse. A IBM aceitou o contrato, e como não tinham nada, Bill Gates e companhia correram até um conhecido e compraram este sistema operacional por apenas U$ 50.000,00. Ou seja, Bill Gates não tinha nada e ficou rico sem criar coisa alguma!
Mas o mais interessante mesmo são os cruzamentos entre Steve Jobs, que se considerava intocável e tinha uma série de problemas pessoais, e Bill Gates, uma víbora persuassiva. Enquanto Jobs copiou a interface gráfica e a utilização do mouse de um projeto da Xerox, a Microsoft copiou a interface gráfica e o mouse da Apple traindo a confiança de Jobs para sempre.
Porém, em nome dos negócios, alianças são feitas e desfeitas numa grande disputas pela maior fatia do mercado. Enfim, é um filme bem bacana que além de mostrar o início de tudo, mostra também característica pessoais natas que viriam a transformar estas personagens em celebridades do mundo corporativo.
Este invento foi exposto e apesar dos receios, os jovens foram bem sucedidos, recebendo inclusive encomenda de 50 microcomputadores como o que apresentaram. Todo trabalho deles ainda era na garagem dos pais de um deles.
A idéia de um microcomputador pessoal apresentada à HP não foi aceita, questionada sobre para que serviria e quem iria querer um computador em casa. Os jovens receosos recebem de Mike Markulla um investimento de 250 mil dólares para que continuassem a trabalhar no projeto dos micros, foi a salvação deles, já que não conseguiam capital para continuar o negócio.
Quase ao mesmo tempo, a Microsoft que possuía sede em um quarto de hotel trabalhava com um software (Microsoft Basic), ao contrário da Apple que trabalhava com hardware. Bill Gates, que não recebeu atenção de Jobs na feira de exposição, consegue um contrato de aluguel de seu sistema operacional (ainda inexistente) com a IBM.
O pensamento dos lideres da IBM era de que se ganha com hardware e não com software. Em tempos atuais, isso é totalmente inverso. Gates e seus parceiros Allen e Balmer precisavam agora de um sistema operacional; Pall Allen consegue comprar o Q-DOS da Seattle Computer por 50 mil dólares e com algumas modificações surge o MS-DOS.
Bill Gates diante de sua lábia, representado pela Microsoft, consegue trabalho na Apple, ocorre que eles realizam uma nova cópia sobre a Apple, lançando então o Windows. Diante da arrogância de Jobs, ele se traiu, mostrando o ouro ao pirata. Quando Jobs descobre já é tarde.
Finaliza-se o filme com o que se tornou a vida de cada personagem. Jobs com uma família consolidada e de volta à Apple após ser desligado, Wozniak ensinando informática a crianças e Gates figurado como o mais rico do mundo.
No bem estruturado desenvolver da narrativa, percebe-se alguns pontos relevantes: [1] o interesse e a busca por ver realizados projetos; [2] o tratamento e a relação entre empregado, empregador e cliente; [3] a visão de mundo e futuro do mercado e [4] a batalha por um produto exclusivo e superior – vantagem competitiva.

Referência: http://www.artigonal.com/tecnologia-artigos/relatorio-do-filme-piratas-do-vale-do-silicio-1757903.html
Quando você era bem pequeno...

eles gastavam horas lhe ensinando a usar talheres nas refeições... 

ensinando você a se vestir, amarrar os cadarços dos sapatos, fechar os botões da camisa.


Limpando-o quando você sujava suas fraldas lhe ensinando a lavar o rosto a se banhar a pentear seus cabelos...

lhe ensinando valores humanos... 


Por isso...


 quando eles ficarem velhos um dia... e seria bom que todos pudessem chegar até aí (não preciso explicar... não é?)

quando eles começarem a ficar mais esquecidos e demorarem a responder... 


não se chateie com eles... 


quando eles começarem a esquecer de fechar botões da camisa, de amarrar cadarços de sapato...


quando eles começarem a se sujar nas refeições... 


quando as mãos deles começarem a tremer enquanto penteiam cabelo...


por favor, não os apresse... porque você está crescendo aos poucos, e eles envelhecendo...


basta sua presença... sua paciência... sua generosidade... sua retribuição...


para que os corações deles fiquem aquecidos...


se um dia eles não conseguirem se equilibrar ou caminhar direito... 


segure firme as mãos deles e os acompanhe bem devagar respeitando o ritmo deles durante a caminhada... da mesma forma como eles respeitaram o seu ritmo quando lhe ensinaram a andar...


fique perto deles... assim como...


eles sempre estiveram presentes em sua vida, sofrendo por você... torcendo por você...


E vivendo “por você”.

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO”

(Max Gehringer)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Horizonte – Betty Vidigal


O horizonte é o mesmo.
Mas há esta nova claridade que me sufoca o olhar.
Caminho a esmo.
Hoje não quero pensar.


É que mudou a lua,
e tudo se transforma.
Cobre-se a Terra de uma terra nova
e as marés se tornam violentas.


Somente eu vou lenta, lenta.
Concentrada em não chorar.


Não que tenha perdido a alegria
por completo:
o caminho não havia de sempre reto
e eu já sabia disso muito antes
de decidir te acompanhar.


Mas agora, a noite me tomou.
E eu me tornei, subitamente,
o que não sou:
sem norte, sem destino.
O que se extraviou,
de mim, por esta estrada?
Eu vinha te seguindo e não te vejo mais.
E estava tão habituada.


O horizonte é o mesmo.
Só lhe falta
a longa silhueta que eu seguia
e contemplava.


É que mudou a lua, e tudo se transforma.
Somente a linha do horizonte permanece inalterada.
 
http://docecomoachuva.blogspot.com/search/label/Betty%20Vidigal

Filme O Contador de Histórias



O filme se baseia na trajetória real do pedagogo, escritor e contador de histórias Roberto Carlos, de filho de família paupérrima, interno da Febem e menino de rua a homem bem sucedido, pai adotivo de um bocado de crianças, educador permanente para a cidadania. Como num conto de fadas, a história de Roberto Carlos teve sua fada madrinha: a francesa Marguerite Duvas (interpretada por Maria de Medeiros), para quem o garoto, de objeto de pesquisa, se transforma em amigo e protegido. Marguerite fez de tudo para tirar Roberto Carlos das ruas e fazê-lo tomar consciência de direitos e obrigações.

Por incrível que pareça, a maior falha é exatamente a força de Marguerite, não por falha da atriz, mas da construção da personagem pelo próprio roteiro. O contador de histórias baseia-se nas memórias de Roberto Carlos. E para ele, ela foi quase uma santa. Talvez tenha sido; mas de um ponto de vista dramatúrgico, fica difícil ao espectador acreditar na possibilidade de alguém tão perfeito, tão bom, tão desprovido de ódio, raiva, dúvida.

A falha fica insignificante frente à capacidade que O contador de histórias tem de emocionar os espectadores. É, talvez, a melhor manifestação produzida no Brasil do filme “edificante”, aquela narrativa de história exemplar que pretende levar o público a algum tipo de mobilização. O diretor Luiz Villaça trabalha com uma linguagem simples, com boas chances de se comunicar com o espectador comum. Conta, antes de tudo, com a força de seu próprio enredo para fazer isso.

No processo, acaba dando pinceladas num retrato que pode ajudar as pessoas a conhecer o Brasil. A história de Roberto Carlos começou na época da ditadura militar, quando o governo autoritário propunha, como parte de seu projeto de “Brasil grande”, instituições que fossem capaz de internar e educar os filhos das famílias pobres, como se o Estado fosse mais apto que pais e mães para superar a pobreza e a marginalidade crônicas.

Era um período em que esquerda e direita apresentavam projetos totalizadores de transformação do mundo inteiro. Roberto Carlos foi salvo pelo projeto oposto: onde a megalomaníaca estrutura assistencial do poder público fracassou, ela se dispôs a redimir apenas uma criança. Como, mais tarde, seu filho adotivo, ainda menino, não vai lutar para enfrentar todos os marginais de rua, apenas para recuperar o isqueiro que um deles roubou. E, agora adulto, não anda por aí pregando grandes revoluções – mas revolucionando, uma a uma, a vida das crianças a quem conta histórias, a quem ajuda a transformar em cidadãos. Segue trailer:



domingo, 1 de maio de 2011

Poema de Maio - José Afonso

(pela pura beleza das palavras, sem mais)

Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

http://amata.anaroque.com/arquivo/2004/05/poema_de_maio_pela_pura

sábado, 30 de abril de 2011

Não se acostume - Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

7 conto e a variação diastrática


A variação social ou diastrática constitui um dos tipos de variação linguística a que os falantes são submetidos. São as diferenças entre os estratos socioculturais (nível culto, nível popular, língua padrão), ou seja, são as variações que acontecem de um grupo social para outro. Relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala.
Perceberemos melhor esse tipo de variação linguística assistindo aos vídeos abaixo, com as personagens da peça 7 conto. O texto e a atuação dessa comédia ficam por conta do ator Luis Miranda. O espetáculo mostra, de uma maneira muito bem humorada, as diversas versões do Brasil por meio de sete personagens, todos criados e recriados pelo ator. Vejamos a diferença na fala de Dona Edite (primeiro vídeo) e na de Sheila (segundo vídeo).
Mas ATENÇÃO...! De antemão informo que é im-pos-sí-vel conter o riso...

----------------------------------------------------------------------------------------------
"A pessoa hoje, ela vive certa dificulidade que num é pá todo mundo não. É ou num é ou num é? É!!!"
"Aqui vocês vão incrontá dicas que é como isconder uma cumida, botá num lugar mais alto...
Quer dizer, são coisa que a gente vai fazê pá puder istruir..."
 
"Qué dizê, as pessoa acha que é só cumê... não é, não é!!!! E a higieni...?"
"É munthu isforço pá criá um filho hoje (...)
Eu vou fazê o quê? Eu vou matar? NããããO, não gente! Eu vou iducá, eu vou iscraricê...!"
___________________________________________________________
"Sinceramente, eu estou completamente irritada. Não sou de falar palavrões, mas me deu vontade de falar um palavrão... Poxa!"
"Eu fui nos Jardins... sentei dois minutos, no meu carro, e já estava completamente encharcada de suor..."

"Ninguém pode usar um casaco de pele aqui. Francamente, poxa, chego nos Jardins e, absolutamente esburacado, quebro meu prada..."

"Francamente, ou se tem um lugar decente para se andar no Brasil ou não se tem. Por isso é que eu prefiro Paris!" 
_____________________________________________________________________
Quer dizer, é ou num é ou num é uma variação acentudamente marcada na língua pela condição cultural e sócio-econômica das pessoas?


E o que é que a gente vai fazê?
Vai discriminá?
NããããããO!
Vai iducá, vai istrui, vai iscraricÊ!!!
rsrsrs
É ou num é ou num é ou num é????


A educação eficaz abarca essa questão, trazendo discussões a respeito da importância de se combater o preconceito linguístico e incentivar o respeito aos mais diferentes falares do país.


Obs.: Só dá para entender isso se assistir, no mínimo, o primeiro vídeo.

Variação linguística e Ensino de língua


O modo como a língua portuguesa é ensinada nas escolas vem sendo muito discutido nos últimos anos, no entanto, ainda há muito que se fazer.
Alfabetizar a criança que inicia seu processo escolar não é uma tarefa tão simples quanto aparenta ser. A criança antes de entrar na escola aprendeu a falar e a entender a linguagem, sem que essa fosse dividida em aulas; ao contrário, naturalmente ela foi exposta ao mundo linguistico desde o nascimento, participou e aprendeu na fala dos grupos com os quais ela conviveu.
A linguagem por ser um fator social e cultural, torna-se o espelho da comunidade linguística a que está ligada, logo, se cada indivíduo falasse como quisesse, não existiria linguagem da forma como é organizada socialmente, pois a sociedade auxilia no desempenho linguístico de seus membros.
Ao entrar na escola uma criança vinda de uma comunidade falante de um dialeto que não é o padrão, (entende-se língua padrão como símbolo de poder político, econômico e social) sentir-se-á discriminada por não dominar essa linguagem, e o que ela conquistou, o seu conhecimento, é ignorado.
Ao ensinar língua portuguesa para falantes nativos, a escola deve analisar se esse ensino não está de alguma forma subestimando a inteligência do aluno ou somente preocupado em transmitir conceitos e definições, deixando de lado o seu objetivo principal que é mostrar como a linguagem humana funciona, quais são suas propriedades e usos e como a variação linguística influencia no comportamento social do indivíduo.
Há, na escola, a preocupação em se transmitir teoria sem explicar a sua finalidade, busca-se o ensino da língua padrão (modo correto de falar e escrever, segundo as gramáticas normativas), sem considerar a linguagem que foi adquirida pela criança.
Observe-se, também que, a aquisição da linguagem não se refere unicamente à linguagem escrita, mas da fala (que apresenta variedade de dialetos), e de leitura. Logo, a criança que é capaz de revelar enorme capacidade de argumentar, dominando a linguagem oral não deve ser censurada ou tida como incapaz por não dominar tão bem a linguagem falada.
As incongruências ocorridas na linguagem escrita devem ser explicadas de tal forma que o educando entenda que não temos uma única forma de falar, mas que existem outras alternativas e, assim, como não se pode falar ou escrever como bem quiser, pois isso dificultaria a leitura entre as diversidades de dialetos (aqui entende-se dialetos, como modos diferentes de falar).
A variação linguística existente em nossa sociedade não é tratada na escola de maneira justa. Quando o aluno ainda não domina a norma padrão, a variação linguística que esse aluno carrega não é aceita, e é vista como errada a sua forma de expressão verbal e escrita.
Por que não aceitar essa variação como um meio diferente de expressão? Por que não partir do conhecimento que a criança tem de sua fala e da fala de seus colegas para então ensinar a língua padrão?
A escola deve mostrar que o dialeto-padrão é apenas uma das variedades de uma língua, sem excluir as demais formas e que não se precisa de uma gramática normativa (normas que devem ser seguidas), mas de uma gramática descritiva destinada a explicar como é o funcionamento da língua, bem como quais as regras regem seu uso.
Como deve ser então, o ensino de língua? Lembrar que não é a simples transmissão de conteúdos prontos, mas sim como uma tarefa de construção de conhecimento, de transformação e de preparo, para que o aluno compreenda melhor a sociedade em que vive, propiciando não só a aprendizagem do dialeto padrão, mas que entenda o ato de ler e escrever como instrumento para compreensão e construção do significado do mundo.

NOÇÕES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

 “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
 
CONCEITUAÇÃO

Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações lingüísticas.

TIPOS DE VARIAÇÃO SÓCIO-CULTURAL

Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1)

Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão?
E quem usaria a frase abaixo?
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2)

Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não freqüentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.

Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”. mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo).

Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio-culturais.

A VARIAÇÃO GEOGRÁFICA

A variação geográfica é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento lingüística, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc.

A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
“- Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!].
- Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora, em cemitério...(...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é sossego..”

A VARIAÇÃO HISTÓRICA

As línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações histórica.
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texo I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto 2, fala das palavras de hoje.

TEXTO
ANTIGAMENTE

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.(...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animátografo, e mais tarde ao cinemátografo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua.

(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
TEXTO 2
ENTRE PALAVRAS

Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e combinações de.

Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registra-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex...Existiam em 1940?

Ponha ai o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acunputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som pop, a arte op, as estruturas e a infra-estrutura.
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.

Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.

Olhe ai na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição.
Fundos de investimento, e dai? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. FenoliteBaquelite,.LP E compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click!

Nao havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luis. Algumas coisas começam a aparecer sob Getulio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral A enumeração caótica não é uma invenção critica de Leo Spitzer. Está ai, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)