"[...] Temos grande prazer em ser olhados. Merleau Ponty diz que somos “seres olhados no espetáculo do mundo”. Basta quem nos olha não mostrar que está olhando, para ficarmos satisfeitos. O olhar surpreende, muda as perspectivas. O prazer é tal que tendemos a não perceber que somos objeto dele. O desprazer só acontece quando enxergamos o olho de quem nos olha. O olho então se torna objeto de desconfiança, ele faz mal. O fetiche existe para evitar o olho mau, anular magicamente um desejo que ameaça o sujeito. [...]"
A intenção principal deste blog é a difusão do conhecimento, o compartilhar de saberes e experiências. Percorrendo o universo da educação, da linguagem e, enfim, do conhecimento, apresenta uma ousada mistura de Pedagogia, Filosofia e Letras. Ah! Essas "danadas" são a minha paixão, produzem em mim experiências exponencialmente deleitosas e, também, muito desassossego... Fique à vontade para conhecer, comentar e seguir este cantinho... SEJA BEM VINDO(A)!
domingo, 5 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
Exposição Auguste Rodin: Homem e Gênio
Auguste Rodin (1840-1917) "foi o primeiro a fazer do inacabado um princípio estético porque, ao admirar fragmentos de obras clássicas, ele percebeu com que intensidade parte de uma obra pode representá-la". (citação de painel da exposição)
Em visita ao Museu Rodin, no Palacete da Artes, pude constatar a veracidade da afirmação acima. Uma tarde de sábado alegre, instigante, inspiradora e extremamente contemplativa. Foi um transbordar da emoção estética... Entre as obras que mais despertaram meu olhar sensível, destaco "O Sono": terno, delicado, sublime, apaixonante e... belo! Acho que é impossível descrever fielmente com palavras. Visto pessoalmente é ainda mais encantador!
Enfim, diante de tamanha maravilha, senti a necessidade de compartilhar...
Enfim, diante de tamanha maravilha, senti a necessidade de compartilhar...
Seguem algumas fotos da exposição para sua aguçar e alegrar sua sensibilidade:
"A arte é a contemplação; é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que a natureza também tem alma." (August Rodin)
"Não existe nem belo estilo, nem belo desenho, nem bela cor: existe somente uma beleza essa da verdade que se revela." (Rodin)
"O mundo não será feliz a não ser quando todos os homens tiverem alma de artista, isto é, quando todos tirarem prazer do seu trabalho." (Rodin)
"Eu não invento nada, eu redescubro." (Rodin)
"Tudo é belo para o artista, porque todo ser é em cada coisa...
... seu penetrante olhar descobre o caráter, ou seja, a verdade interior que transparece sob a forma." (Rodin)

"O espírito esboça, mas é o coração que modela." (Rodin)
Palacete das Artes
Rua da Graça, 284, CEP 40150.060
Salvador, Bahia. Tel.: +55 (71) 3117-6986 / 3117-6997
Horário
De terça a domingo, das 10 às 18 horas.
Entrada franca...
Vá lá!!!
Funções da imagem
Na sociedade atual, a palavra não só aparece muito ligada à imagem, como, em certos momentos, parece servir-se daquela. Os meios de comunicação social têm vindo a criar uma civilização da imagem.
As imagens possuem um enorme potencial graças à sua linguagem, que pode ser entendida em qualquer parte. Com a globalização, que a tecnologia tem favorecido e incentivado, há um sistema de produção industrial de informação e publicidade centrado na imagem, que procura, por um lado, apresentar os acontecimentos e informar, mas, por outro lado, seduzir, argumentar e convencer. Por ser polissémica, a imagem pode ter várias funções de acordo com as diversas interpretações.
- Função informativa (ou referencial): a imagem fornece informações concretas sobre acontecimentos e elementos da realidade. É testemunha dessa realidade, como sucede com os retratos e as fotos das reportagens, na comunicação social; ou pode apresentar um universo imaginário como acontece com as pinturas ou as imagens de ficção.
Há quem prefira falar de função representativa, uma vez que a imagem imita uma realidade, tentando mostrá-la o mais objetivamente possível, como na arte figurativa.
- Função explicativa: a imagem tem por objetivo explicar a realidade através de sobreposição de dados. É isto que acontece nas ilustrações que ajudam a explicar os textos ou em diagramas que ajudam a explicar graficamente um processo ou uma relação.
Pode ser designada por função descritiva na medida em que a imagem contribui para apresentar em detalhe a realidade (pessoa, paisagem...). Enquanto as funções informativa e representativa são sintéticas, as funções descritiva e explicativa são analíticas.
- Função argumentativa: a imagem procura influenciar comportamentos, persuadir, convencer, tornando-se um importante instrumento na publicidade e na propaganda.
Ao centrar-se no recetor e ao ter intenção de o influenciar, esta função junta-se à função conativa ou apelativa da linguagem, que tenta exortar, suscitar ou provocar estímulos, promover, mudar comportamentos.
Ao centrar-se no recetor e ao ter intenção de o influenciar, esta função junta-se à função conativa ou apelativa da linguagem, que tenta exortar, suscitar ou provocar estímulos, promover, mudar comportamentos.
- Função crítica: a imagem não apenas informa, mas procura desvendar e denunciar situações. Tanto pode ser apenas reveladora de uma realidade ou processo, apontando caminhos, como acusadora para alertar consciências. As caricaturas e desenhos humorísticos privilegiam esta função crítica.
- Função estética: a imagem visa a satisfação e o prazer do belo, valorizando as repetições, alternâncias ou contrastes dos elementos que a configuram como as linhas, as formas, a cor, a luz...
- Função estética: a imagem visa a satisfação e o prazer do belo, valorizando as repetições, alternâncias ou contrastes dos elementos que a configuram como as linhas, as formas, a cor, a luz...
- Função simbólica: a imagem orienta-se para significados sobrepostos à própria realidade (como acontece com bandeiras, imagens convencionais como o coração com uma flecha...)
De outras diversas funções, que normalmente se combinam entre si, podemos ainda destacar:
De outras diversas funções, que normalmente se combinam entre si, podemos ainda destacar:
- Função narrativa: a imagem conta ou sugere histórias, cenas, ações (como sucede em frescos, bandas desenhadas, filmes...).
- Função expressiva: a imagem revela sentimentos, emoções e valores do próprio autor ou daquilo que representa (expressões faciais, posturas do corpo, perspetivas de enquadramento, jogos de luz, relação com o cenário...).
- Função lúdica: a imagem orienta-se para o jogo, o entretenimento, incluindo o humor, a caricatura...
- Função lúdica: a imagem orienta-se para o jogo, o entretenimento, incluindo o humor, a caricatura...
- Função metalinguística: a imagem interessa-se pelo código visual, como sucede com a utilização de modelos para representar algo ou com os auto-retratos em que o artista se representa, pintando.
Referência:
Funções da imagem. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-06-04].
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$funcoes-da-imagem>.Acesso em: 4 jun. 2011.
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$funcoes-da-imagem>.Acesso em: 4 jun. 2011.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Não sei por que, mas gosto da cor violeta...
Já que as pessoas costumam se confundir entre as várias denominações para as cores que surgem da mistura do vermelho com o azul e já que não há um regulamento quanto a essas classificações, vamos considerar que o violeta e o violeta sejam a mesma cor, e que sejam uma mistura equilibrada entre o vermelho e o azul. Consideraremos também que as cores púrpura ou magenta estão mais para o lado do vermelho (mais vermelho na mistura) e que as cores lilás e anil estão mais para o lado do azul (mais azul na mistura).
Assim feito, veremos que o nome violeta vem por comparação com a cor das pétalas da flor violeta. O nome dela em latim era viola, daí a palavra atual. Transmite a sensação de prosperidade, nobreza e respeito. violeta equivale a um pensamento reflexivo e místico. O profundo mistério que a cor evoca pode promover sensações de tristeza e melancolia caso a pessoa conviva demais com o violeta.
Assim como o preto, o violeta remete a nobreza e poder.

Violeta simboliza respeito, dignidade, devoção, piedade, sinceridade, espiritualidade, purificação e transformação.
O violeta representa o mistério, expressa sensação de individualidade e de personalidade, associada à intuição e ao contato com o todo espiritual. É aconselhável para locais de meditação.
Bem, quando escolhi a cor desse blog nem sabia disso... kkkkkkkk
Bem, quando escolhi a cor desse blog nem sabia disso... kkkkkkkk
Amor violeta - Adélia Prado
O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
Soneto do Amor Total - Vinícius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Filme O Nome da Rosa
Estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges tem acesso às publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano (Sean Conery), incumbido de investigar os casos, irá mostrar o verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da santa inquisição.
INTRODUÇÃO
A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.
Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antigüidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja.
No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.
1. Contextualização
Discussão dos elementos formadores da cultura moderna, o surgimento do pensamento moderno, no período da transição da Idade Média para a Modernidade.
O Filme
O Nome da Rosa pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação. E Guilherme de Bascerville, o frade fransciscano detetive, é também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto preço.
O Tempo
Trata-se do ano 1327, ou seja, a Alta Idade Média. Lá se retoma o pensamento de Santo Agostinho (354-430), um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos medievais, que fará a mediação da filosofia grega e do pensamento do início do cristianismo com a cultura ocidental que dará origem à filosofia medieval, a partir da interpretação de Platão e o neoplatonismo do cristianismo. As teses de Agostinho nos ajudarão a entender o que se passa na biblioteca secreta do mosteiro em que se situa o filme.
Doutrina Cristã
Neste tratado, Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé (Livro II, B, Cap. 41). Isto vai constituir o critério para a relação entre o cristianismo (teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência dos antigos. Por isso é que a biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão (especialmente os textos de Aristóteles), e que pode ameaçar a doutrina cristã. Como diz ao final Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles – a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo.
2. Disputa de Filosofia
Entre os séculos XII e XIII temos o surgimento da escolástica, que constitui o contexto filosófico-teológico das disputas que se dão na abadia em que se situa O Nome da Rosa. A escolástica significa literalmente "o saber da escola", ou seja, um saber que se estrutura em torno de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época.
2.1 Influência aos Pensamentos
A influência desse saber corresponde ao pensamento de Aristóteles, trazido pelos árabes (mulçumanos), que traduziram muitas de suas obras para o latim. Essas obras continham saberes filosóficos e científicos da Antigüidade que despertariam imediatamente interesses pelas inovações científicas decorrentes.
2.2 Consolidação Política
A consolidação política e econômica do mundo europeu fazia com que houvesse uma maior necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico: na arquitetura e construção civil, com o crescimento das cidades e fortificações; nas técnicas empregadas nas manufaturas e atividades artesanais, que começam a se desenvolver; e na medicina e ciências correlatas.
2.3 Pensamento Aristotélico
O saber técnico-científico do mundo europeu era nesta época extremamente restrito e a contribuição dos árabes será fundamental para este desenvolvimento pelos conhecimentos de que dispunham de matemática, de ciências (física, química, astronomia, medicina) e de filosofia. O pensamento agora (Aristotélico) será marcado pelo empirismo e materialismo.
3. A Época
O enredo desenvolve-se na ultima semana de 1327, num monastério da Itália medieval. A morte de sete monges em sete dias e noites, cada um de maneira mais insólita - um deles, num barril de sangue de porco, é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação. A obra é atribuída a um suposto monge, que na juventude teria presenciado os acontecimentos.
Este filme é uma crônica da vida religiosa no século XIV, e relato surpreendente de movimentos heréticos. Para muitos críticos, o nome da rosa é uma parábola sobre a Itália contemporânea. Para outros, é um exercício monumental sobre a mistificação.
4. O Título
A expressão "O nome da Rosa" foi usada na Idade Média significando o infinito poder das palavras. A rosa subsiste seu nome, apenas; mesmo que não esteja presente e nem sequer exista. A " rosa de então" , centro real desse romance, é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos.
5. Biblioteca do Mosteiro
Durante a Idade Média umas das práticas mais comuns nas bibliotecas dos mosteiros eram apagar obras antigas escritas em pergaminhos e sobre elas escreve ou copiar novos textos. Eram os chamados palimpsestos, livretes em que textos científicos e filosóficos ma Antigüidade clássica eram raspados das páginas e substituídos por orações rituais litúrgicos.
O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade
Baseado: No romance de mesmo nome de Umberto Eco.
5.1 - Pensamento
O pensamento dominante, que queria continuar dominante, impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que seja, salvo os escolhidos. No O nome da Rosa, a biblioteca era um labirinto e quem conseguia chegar no final era morto. Só alguns tinham acesso. É uma alegoria do Umberto Eco, que tem a ver com o pensamento dominante da Idade Média, dominado pela igreja. A informação restrita a alguns poucos representava dominação e poder. Era a idade das trevas, em que se deixava na ignorância todos os outros.
6. História
Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
O ano é 1327. Representantes da Ordem Franciscana e a Delegação Papal se reúnem num monastério Beneditino para uma conferência. Mas a missão deles é subitamente ofuscada por uma série de assassinatos. Utilizando sua brilhante capacidade de dedução, o monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery), auxiliado pelo seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), se empenha para desvendar o mistério. Mas antes que William possa completar sua investigação, o monastério é visitado pelo seu antigo desafeto, o Inquisidor Bernardo Gui (F. Murray Abraham). O poderoso Inquisidor está determinado a erradicar a heresia através da tortura e se William, o caçador, persistir na sua busca, também se tornará caça. Mas à medida que Bernardo Gui se prepara para acender a fogueira da Inquisição, William e Adso voltam à biblioteca labirintesca e descobrem uma verdade extraordinária ...
Resumo de O Nome da Rosa
Do ponto de vista do filme que hoje está sendo abordado, notamos que a história passa em um mosteiro na Itália Medieval. A idade média assistiu, em sua agonia um grande debate Filosófico Religioso. Perdido o equilíbrio do tomismo, o homem medieval caiu em dois extremos opostos.
De um lado os humanistas racionalistas Frei Guilherme de Ockham, um édito moderno. Tais humanistas cultivaram o antropocentismo julgaram que graças Pa ciências e a técnica, o homem seria capaz de vencer todas as misérias do mundo, até criar uma era de grande prosperidade material e de completa felicidade natural.
De outro lado místicos com visão extremamente pessimista da realidade. Para eles o mundo era intrinsecamente mau e irredimível por ser obra de um DEUS perverso, distinto da divindade. Acreditavam que a razão humana era má e só seria desejável perder-se no nada divino.
No mosteiro, sete monges morrem estranhamente, isto aborda muito a violência.
Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida e muitas vezes depois são mortas.
Movimentos ecléticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder, o esvaziamento de valores pela demagogia, são mostrados em um cenário sangrento sobre a política da historia da humanidade.
BIBLIOGRAFIA
Filme O Nome da Rosa , Globo Filmes e Produçoes
Livro O Nome da Rosa, Autor: Umberto Eco
Inclusão digital?
"Vivemos esperando o dia em que seremos melhores..."
Esperando e tentando ser o "ser mais", sempre mais, como disse Freire. :(
Quem tem medo de dizer não? - Ruth Rocha
Ilustração: Ivan Zigg
A gente vive aprendendo
A ser bonzinho, legal,
A dizer que sim pra tudo,
A ser sempre cordial...
A concordar, a ceder,
A não causar confusão,
A ser vaca-de-presépio
Que não sabe dizer não!
Acontece todo dia,
Pois eu mesma não escapo.
De tanto ser boazinha,
Tô sempre engolindo sapo...
Como coisas que não gosto,
Faço coisas que não quero...
Deste jeito, minha gente,
Qualquer dia eu desespero...
Já comi pamonha e angu,
Comi até dobradinha...
Comi mingau de sagu
Na casa de uma vizinha...
Comi fígado e espinafre,
De medo de dizer não.
Qualquer dia, sem querer,
Vou ter de comer sabão!
Eu não sei me recusar,
Quando me pedem um favor.
Eu sei que não vou dar conta,
Mas dizer não é um horror!
E no fim não faço nada
E perco toda razão.
Fico mal com todo mundo,
Só consigo amolação.
Quando eu estudo a lição
E o companheiro não estuda,
Na hora da prova pede
Que eu dê a ele uma ajuda
Embora ache desaforo,
Eu não consigo negar...
Meu Deus, como sou boazinha...
Vivo só para ajudar...
Se alguém me pede que empreste
O disco do meu agrado,
Sabendo que não devolvem
Ou que devolvem riscado...
Sou incapaz de negar,
Mas fico muito infeliz...
Qualquer um, se tiver jeito,
Me leva pelo nariz...
Depois que eu estou na fila
Pra pagar o supermercado,
Já estou lá há muito tempo...
Aparece um engraçado...
Seja jovem, seja velho,
Se mete na minha frente,
Mas eu nunca digo nada...
Embora eu fique doente!
A gente sempre demora
A entender esta questão.
Às vezes custa um bocado
Dizer simplesmente não!
Mas depois que você disse
Você fica aliviada
E o outro que lhe pediu
É que fica atrapalhado...
Mas não vamos esquecer
Que existe o por outro lado...
Tudo tem direito e avesso,
Que é meio desencontrado...
Quero saber dizer NÃO.
Acho que é bom para mim.
Mas não quero ser do contra...
Também quero dizer SIM!
A ser bonzinho, legal,
A dizer que sim pra tudo,
A ser sempre cordial...
A concordar, a ceder,
A não causar confusão,
A ser vaca-de-presépio
Que não sabe dizer não!
Acontece todo dia,
Pois eu mesma não escapo.
De tanto ser boazinha,
Tô sempre engolindo sapo...
Como coisas que não gosto,
Faço coisas que não quero...
Deste jeito, minha gente,
Qualquer dia eu desespero...
Já comi pamonha e angu,
Comi até dobradinha...
Comi mingau de sagu
Na casa de uma vizinha...
Comi fígado e espinafre,
De medo de dizer não.
Qualquer dia, sem querer,
Vou ter de comer sabão!
Eu não sei me recusar,
Quando me pedem um favor.
Eu sei que não vou dar conta,
Mas dizer não é um horror!
E no fim não faço nada
E perco toda razão.
Fico mal com todo mundo,
Só consigo amolação.
Quando eu estudo a lição
E o companheiro não estuda,
Na hora da prova pede
Que eu dê a ele uma ajuda
Embora ache desaforo,
Eu não consigo negar...
Meu Deus, como sou boazinha...
Vivo só para ajudar...
Se alguém me pede que empreste
O disco do meu agrado,
Sabendo que não devolvem
Ou que devolvem riscado...
Sou incapaz de negar,
Mas fico muito infeliz...
Qualquer um, se tiver jeito,
Me leva pelo nariz...
Depois que eu estou na fila
Pra pagar o supermercado,
Já estou lá há muito tempo...
Aparece um engraçado...
Seja jovem, seja velho,
Se mete na minha frente,
Mas eu nunca digo nada...
Embora eu fique doente!
A gente sempre demora
A entender esta questão.
Às vezes custa um bocado
Dizer simplesmente não!
Mas depois que você disse
Você fica aliviada
E o outro que lhe pediu
É que fica atrapalhado...
Mas não vamos esquecer
Que existe o por outro lado...
Tudo tem direito e avesso,
Que é meio desencontrado...
Quero saber dizer NÃO.
Acho que é bom para mim.
Mas não quero ser do contra...
Também quero dizer SIM!
Experiência com Software Livre - postagem no Moodle UFBA

Na última aula, participei da oficina de imagens, na qual utilizamos os softwares Gimp e Inkscape. Em casa, utilizo o photoscape, que é bastante limitado. Mas durante o contato com os softwares na oficina percebi que existe uma infinidadede possibilidades no trabalho com imagens através dos recursos destes softwares. Aprendi,inclusive, o conceito e a aplicabilidade de uma imagem vetorial. Que acho pertinente compartilhar...
Perceba a diferença:


A segunda borboleta é uma imagem vetorial, a primeira, bitmap.
Imagem vetorial é um tipo de imagem gerada a partir de descrições geométricas deformas, diferente das imagens chamadas mapa de bits (bitmaps), que são geradas a partir de pontos minúsculos diferenciados por suas cores. Uma imagem vetorial normalmente é composta por curvas, elipses, polígonos, texto, entre outros elementos, isto é, utilizam vetores matemáticos para sua descrição. Em um trecho de desenho sólido, de uma cor apenas, um programa vetorial apenas repete o padrão, não tendo que armazenar dados para cada pixel. Assim, vetorizar é transformar uma imagem qualquer em imagem de grupo de vetores. Deste modo, a imagem pode, entre outras coisas, ser ampliada sem sofrer deformações.
Não é show?!
Destaco essa experiência, pois, a cada dia, nos ires-e-vires da práxis, conhecendo e utilizando softwares livres diferentes, tenho percebido a importância desses programas para inúmeras atividades, inclusive para as educativas. Deste modo, com todo o fomento da disciplina, tenho apreendido o conhecimento do que é, de fato, um software livre. Por isso, considero que tem ocorrido uma aprendizagem significativa, quando encontro sentido e prática nos conteúdos estudados.
Para ler mais:
As Borboletas - Cecília Meireles
Brancas, azuis, amarelas e pretas
Brincam na luz as belas borboletas
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então . . .
Oh, que escuridão!
Mito e Razão - Filosofia Antiga
Os vídeos abaixo trazem considerações do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. sobre Mito e Razão na Filosofia Antiga.
Num primeiro momento, esse pensador conta os mitos de Narciso e Eco. Revelando, assim, a estrutura narrativa antiga que justificava o surgimento das coisas, neste caso, o eco e a flor narciso. Em seguida, diferencia cosmologia de pensamento mítico, para tal, traz a referência do pensamento do filósofo pré-socrático Tales de Mileto. Assim, é possível entender como a Filosofia, aos poucos, utilizando cadeias causais, foi "tomando o lugar" do pensamento mítico. Vale a pena assistir!
Num primeiro momento, esse pensador conta os mitos de Narciso e Eco. Revelando, assim, a estrutura narrativa antiga que justificava o surgimento das coisas, neste caso, o eco e a flor narciso. Em seguida, diferencia cosmologia de pensamento mítico, para tal, traz a referência do pensamento do filósofo pré-socrático Tales de Mileto. Assim, é possível entender como a Filosofia, aos poucos, utilizando cadeias causais, foi "tomando o lugar" do pensamento mítico. Vale a pena assistir!
Filme Escritores da Liberdade
Um filme mais que especial, responsável pelo meu despertar para a docência.
O filme Escritores da Liberdade foi lançado no ano de 2007, pela categoria drama, produzido e dirigido por Richard Lagravenese com duração de 122 minutos. O filme se baseia em fatos reais, estrelado pela premiada atriz Hilary Swank, a qual interpreta a personagem da professora Erin Gruwell, sendo que a história se passa na Califórnia no ano de 1992.
Richard Lagravenese tem 48 anos, nasceu em 30 de Outubro de 1959 nos EUA, é produtor e tem vários longa metragem, como: P.S. Eu Te Amo em 2007; Paris Eu te Amo 2006; A década Under the Influencer 2003, e escritores da Liberdade em 2007.
A obra retrata a história de uma professora iniciante, que movida por princípios decide lutar por mudanças, as quais em sua concepção iniciam em salas de aula. Ela é contratada para lecionar língua inglesa e literatura e se depara com uma turma de adolescentes, os quais vivem muitos conflitos, conseqüência de vários tipos de preconceitos. São jovens de classe baixa, que a princípio não demonstram nenhum interesse por suas aulas, mas aos poucos ela vai buscando meios de envolvê-los, relacionando os conteúdos a realidade na qual os jovens estão inseridos.
Mas para isso não dispõe do apoio de seus superiores. Parte então em busca de outros empregos, para poder obter recursos para trabalhar com os alunos. Isto tem um custo, pois acaba interferindo em sua vida conjugal, levando a um posterior divórcio.
O vínculo entre ela e os alunos, se estreita quando estes começam a escrever diários pessoais.
A turma passa a ser unida, fazendo significativos progressos e juntos começam a descobrirem - se, e a conhecer outras realidades. Os alunos então descobrem que ela não irá acompanhá-los no ano seguinte e então começa toda uma movimentação junto a autoridades para mudar isso, e de fato acontece.
É uma obra marcante que faz um resgate a valorização da educação. A mesma leva a muitas reflexões, não apenas no que se refere ao contexto educacional ainda vivido em pleno século XXI, mas também a respeito de como estamos desempenhando nossas profissões, e de como lidamos com os outros em nossas relações, sejam elas quais forem. Em relação a disciplina que estamos estudando, nos faz pensar a respeito atribuições do psicólogo escolar, em suas formas de atuação, e do quanto este se faz necessário no contexto escolar. Recomendo a obra a profissionais e estudantes das áreas de educação e psicologia, bem como aqueles que enxergam a possibilidade de fazer a diferença, mesmo enfrentando incontáveis obstáculos.
Richard Lagravenese tem 48 anos, nasceu em 30 de Outubro de 1959 nos EUA, é produtor e tem vários longa metragem, como: P.S. Eu Te Amo em 2007; Paris Eu te Amo 2006; A década Under the Influencer 2003, e escritores da Liberdade em 2007.
A obra retrata a história de uma professora iniciante, que movida por princípios decide lutar por mudanças, as quais em sua concepção iniciam em salas de aula. Ela é contratada para lecionar língua inglesa e literatura e se depara com uma turma de adolescentes, os quais vivem muitos conflitos, conseqüência de vários tipos de preconceitos. São jovens de classe baixa, que a princípio não demonstram nenhum interesse por suas aulas, mas aos poucos ela vai buscando meios de envolvê-los, relacionando os conteúdos a realidade na qual os jovens estão inseridos.
Mas para isso não dispõe do apoio de seus superiores. Parte então em busca de outros empregos, para poder obter recursos para trabalhar com os alunos. Isto tem um custo, pois acaba interferindo em sua vida conjugal, levando a um posterior divórcio.
O vínculo entre ela e os alunos, se estreita quando estes começam a escrever diários pessoais.
A turma passa a ser unida, fazendo significativos progressos e juntos começam a descobrirem - se, e a conhecer outras realidades. Os alunos então descobrem que ela não irá acompanhá-los no ano seguinte e então começa toda uma movimentação junto a autoridades para mudar isso, e de fato acontece.
É uma obra marcante que faz um resgate a valorização da educação. A mesma leva a muitas reflexões, não apenas no que se refere ao contexto educacional ainda vivido em pleno século XXI, mas também a respeito de como estamos desempenhando nossas profissões, e de como lidamos com os outros em nossas relações, sejam elas quais forem. Em relação a disciplina que estamos estudando, nos faz pensar a respeito atribuições do psicólogo escolar, em suas formas de atuação, e do quanto este se faz necessário no contexto escolar. Recomendo a obra a profissionais e estudantes das áreas de educação e psicologia, bem como aqueles que enxergam a possibilidade de fazer a diferença, mesmo enfrentando incontáveis obstáculos.
Obs.: Para quem se interessa por Hannah Arendt, encontrei artigo que relaciona seu pensamento com esse filme.
Veja em: http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm
Veja em: http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm
Projeto Software Livre Bahia
Para ler e/ou baixar a Cartilha acesse: http://www.moodle.ufba.br/file.php/11/ImpressaoDaCartilhaA4.pdf
Canção tonta - Federico Garcia Lorca
Eu quero ser de prata.
Filho,
Terás muito frio.
Mama,
eu quero ser de água.
Filho,
Terás muito frio.
Mama.
Borda-me em teu travesseiro.
Isso sim!
Agora mesmo!
Filho,
Terás muito frio.
Mama,
eu quero ser de água.
Filho,
Terás muito frio.
Mama.
Borda-me em teu travesseiro.
Isso sim!
Agora mesmo!
ENEM 2011 - Inscrições

Inscrições: de 23 de maio a 10 de junho.
Apenas pela internet.
Maiores informações: http://www.enem.inep.gov.br/
IMPRESSOS E EDUCAÇÃO
O impresso ajudou na democratização da leitura e consequentemente das informações. Levando-as para os lares, trabalhos, ou seja, para o cotidiano da população. Foi se aperfeiçoando cada vez mais e hoje a pesar do avanço tecnológico com outros meios de comunicação, o impresso continua útil. Segundo Stiven Johnson o livro é importante para o intelecto, ele defende que a criança além de estar integrada no mundo da leitura através dos livros, é interessante também que esteja informada através de novas invenções da mídia. Nesse sentido, precisamos acatar todas as possibilidades que a contemporaneidade nos proporciona como fonte de informações, seja através dos livros impressos, jornais, revistas ou e-books. É de fundamental importância que exista o meio termo, para que possamos oferecer para os alunos um ensino mais criativo, dinâmico e lúdico.
Fonte: deiamoreno.blogspot.com/.../impressos-e-educacao.html
Fonte: deiamoreno.blogspot.com/.../impressos-e-educacao.html
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Depoimento da professora Amanda Gurgel
De fato, esse vídeo não poderia deixar de estar aqui!
Questões extremamente relevantes e urgentes são levantadas no discurso desta professora, assim, com essa rápida postagem, dedico minha admiração e agradecimento a ela e a todos aqueles que não se "acostumam o que nos parece errado". A hora é agora...
A música - Rubem Alves
Ângelus Silésius, místico só escrevia poesia, disse o seguinte: “Temos dois olhos. Com um contemplamos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro contemplamos as coisas da alma, eternas, que permanecem.” Eis aí um bom início para se compreender os mistérios do olhar! Para se entender os mistérios do ouvir eu escrevo uma variação: “Temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma, eterna, que permanece.”
A alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos eventos no tempo que acontecem uma vez e nunca mais se repetem. Na história a vida está enterrada no “nunca mais”. A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a viver. Os poemas não são seres da história. Se eles pertencessem à história, uma vez lidos nunca mais seriam lidos: ficariam guardados no limbo do “nunca mais”. Mas a alma não conhece o “nunca mais”. Ela toma o poema, escrito há muito tempo, no tempo da história... (escrito no tempo da história, sim, mas sem pertencer à história...), ela o lê e ele fica vivo de novo: apossa-se do seu corpo, faz amor com ele, provoca riso, choro, alegria... A gente quer que os poemas sejam lidos de novo, ainda que os saibamos de cor, tantas foram as vezes que os lemos! Como a estórias infantis, irmãs dos poemas! As crianças querem ouvi-las de novo, do mesmo jeito. Se o leitor tenta introduzir variações a criança logo protesta: “ Não é assim...” Nisso se encontra minha briga com os gramáticos que fazem os dicionários: eles mataram a palavra “estória”. Agora só existe a palavra “história”. Freqüentemente os sabedores da anatomia das palavras ignoram a alma das palavras. Guimarães Rosa inicia o Tutameia com essa afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História.” Um revisor responsável ao se defrontar com esse texto, tendo nas mãos a autoridade do dicionário, se apressaria a corrigir: “A história não quer ser história. A história, em rigor, dever ser contra a História”. Puro “non-sense”... Mas aconteceu com um texto meu que, pela combinação da diligência do revisor com a minha preguiça ( não reli suas correções), ficou arruinado...
Escrevi essas palavras à guisa de uma explicação a posteriori para uma cena da minha vida acontecida há muitos anos que vi de novo com meu segundo olho há poucos minutos. Também a ouvi com meu segundo ouvido porque nela havia música. Veio-me no seu frescor original. Não havia tempo algum entre o seu acontecer no passado e o seu acontecimento, há pouco. As mesmas emoções. Não. Corrijo-me. A sua beleza estava mais bela ainda, perfumada pela saudade. Entendo melhor o que escreveu Octávio Paz: “Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a ‘vida anterior’que retorna...” Sim, algo da minha vida anterior retornou como um sopro a me golpear a fronte...
A cena é assim ( quase escrevi “foi assim”. Corrigi-me a tempo. As cenas da alma não têm passado. Elas acontecem sempre no presente ). Eu e o meu filho de três anos estamos na sala de estar da nossa casa. Só nós dois. Havíamos terminado de jantar. No sofá, sua cabeça está deitada no meu colo. É a hora de contar estórias, antes de dormir. Aí ele me diz: “Papai, põe o disco do violão...” Levanto-me e pego o disco. Tomando toda a capa, a figura de um violino. Mozart. Ponho a peça que ele mais ama: “Uma pequena serenata”. É impossível não amar a pequena serenata... Quem poderia resistir à tentação de voar que ela produz? Pode ser que o corpo não voe. Mas a alma voa. Ouvir a “Pequena Serenata” é uma felicidade... ( Note que a “Pequena Serenata” é inútil. Não serve para nada. Ela é uma criatura da “caixa dos brinquedos”, lugar da alegria...)
Quando eu me esforçava por exercer a arte da psicanálise ouvi de uma paciente: “Estou angustiada. Não tenho tempo para educar minha filha.” Psicanalista heterodoxo que eu era, não fiz o que meu ofício dizia que eu deveria fazer. Não me meti a analisar seus sentimentos de culpa. Apenas disse: “Eu nunca eduquei meus filhos...” Ela ficou perplexa. Desentendeu. Expliquei então: “Eu nunca eduquei meus filhos. Só vivi com eles...” Ali, naquela noite, não me passava pela cabeça que estivesse educando meu filho. Eu só estava partilhando com ele um momento de beleza e felicidade. E se a Adélia Prado está certa, se “aquilo que a memória amou fica eterno”, sei que aquela cena está eternamente na alma do meu filho, muito embora ele tenha crescido e já esteja com cabelos brancos. Parte da alma dele é a “Pequena Serenata”, o disco do violão... E por isso, por causa da “Pequena Serenata”, ele ficou mais bonito...
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