quarta-feira, 30 de novembro de 2011

I Colóquio Nacional do Ensino de Filosofia



I Colóquio Nacional do Ensino de Filosofia 

     Apresentação

O “I Colóquio Nacional do Ensino de Filosofia: o que queremos com o filosofar na Educação Básica?” é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Epistemologia do Educar e Práticas Pedagógicas e do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento (DMMDC), em parceria com o GT: Filosofar e Ensinar a Filosofar, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof). É financiado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA) e pela Coordenação de Apoio de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e tem o apoio institucional da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba).

O evento foi pensado com o propósito de reunir pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, educadores da rede de ensino pública e privada, e outros interessados em discutir problemas em torno do ensino de Filosofia na Educação Básica.
O evento será realizado nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2011, na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem) e na Faculdade de Educação da Ufba, em Salvador. Será constituído de conferências, palestras, mesas redondas, oficinas, e mini-cursos, em prol de atender às emergentes demandas que permeiam o ensino de Filosofia na Educação Básica. 

Dessa maneira, será um momento oportuno de interlocução entre a Universidade e a Escola Básica Brasileira, para criar redes de pesquisa e de conhecimentos a fim de proporcionar possibilidades para novas discussões metodológicas no âmbito do ensino de Filosofia no país, principalmente, no que concerne à lacuna existente entre o currículo da licenciatura em filosofia e a matriz curricular do Ensino Médio.

Objetivos
  • Compartilhar discussões e experiências, desenvolvidas por pesquisadores nacionais e internacionais, com reconhecida produção na área, contemplando debates especializados sobre pesquisas e estudos atuais no campo do ensino de Filosofia. 
  • Debater sobre formas de colaboração para a construção de uma proposta de formação ética e humana, visando compreender o papel da universidade, da escola e dos seus atores na constituição do ensino da Filosofia para Educação Básica.
  • Discutir sobre a aula de filosofia como acontecimento, entre o passado (o planejamento respaldado na matriz curricular), o presente (o método: a aula) e o futuro (avaliação).
  • Reavaliar as abordagens nacionais dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN e LDB no 9.394/1996 diretamente ligadas ao ensino de Filosofia na Educação Básica.
  • Ampliar as discussões e avaliar as experiências formativas dos licenciandos em filosofia, e também no Programa de Iniciação à Docência – Pibid, estreitando relações entre a Academia de Filosofia e Academia de Educação.
  • Ratificar e aprofundar as reflexões relativas ao 5o objetivo estratégico da Unesco, da área das ciências humanas e sociais no Brasil. Neste sentido, o evento contribuirá na ampliação do conhecimento da filosofia para a formação, especialmente de adolescentes e jovens.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Escrever é preciso: o princípio da pesquisa - Mario Osorio Marques

Escrever é preciso!!!

Por Maria Helena Bonilla
 
Escrever é preciso: o princípio da pesquisa é um livro do saudoso professor Mario Osorio Marques (meu professor no Mestrado em Educação nas Ciências, da Unijui), publicado pela Ed. Unijui em 1997. Neste início de semestre, retomando minhas aulas na UFBA, após um ano afastada para pós-doutorado, me deparando com as dificuldades enfrentadas pelos alunos, tanto da graduação, como da pós-graduação, para deixar-se levar pelo ato da escrita, volto aos ensinamentos de Mário Osório. Ele entendia o ato de escrever como um ato inaugural, cujo maior desafio é começar. Depois disso, é deixar assunto puxar assunto, conversa puxar conversa, escrever puxar assuntos que puxam o reescrever. E assim escreve-se para pensar e para saber buscar novas leituras.
No entanto, nossos alunos não foram preparados para adentrar nessa fluidez. Ao longo de todo seu processo formativo ficaram amarrados às práticas repetitivas, ao que os autores dizem em seus livros e artigos (as famosas resenhas e resumos!), que acabam sendo, na maioria das vezes cópias das ideias desses autores. Onde fica a autoria de nossos alunos? Quando solicitados a escrever uma reflexão sobre uma ideia, uma questão polêmica, um conceito, um fato, não conseguem se desprender dessas amarras históricas, ou então, o máximo que conseguem é um pequeno parágrafo, muito tímido, que expressa mais o medo de se mostrar e se deixar perceber pelo outro do que as ideias, os argumentos, as relações que constroi.
Considero essa limitação problemática nos alunos de graduação, mas mais ainda nos alunos de pós-graduação, pois têm pela frente a escrita de uma dissertação ou de uma tese - como escrevê-las se ainda estão amarrados aos autores que lêem? Como se desvincular deles para transformar a escrita num ato inaugural e no princípio da pesquisa? Estamos investindo nisso - um grande desafio pela frente!

Sugiro a todos a leitura do livro de Mario Osorio Marques!

http://redesocial.unifreire.org/bonilla/blog/escrever-e-preciso

Ostra feliz não faz pérola - Rubem Alves


Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem se comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos -, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer suas casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda.
   Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia, passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.
   Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucubiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven - como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...

Disponível em: http://jeanete-rezer.blogspot.com/2011/02/ostra-feliz-nao-faz-perola.html

sábado, 5 de novembro de 2011

Tem Tudo a Ver - Elias José


A poesia
tem tudo a ver
com tua dor e alegrias,
com as cores, as formas, os cheiros,
os sabores e a música
do mundo.

A poesia
tem tudo a ver
com o sorriso da criança,
o diálogo dos namorados,
as lágrimas diante da morte,
os olhos pedindo pão.

A poesia
tem tudo a ver
com a plumagem, o vôo e o canto,
a veloz acrobacia dos peixes,
as cores todas do arco-íris,
o ritmo dos rios e cachoeiras,
o brilho da lua, do sol e das estrelas,
a explosão em verde, em flores e frutos.

A poesia
— é só abrir os olhos e ver —
tem tudo a ver
com tudo.