sábado, 30 de abril de 2011

Não se acostume - Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

7 conto e a variação diastrática


A variação social ou diastrática constitui um dos tipos de variação linguística a que os falantes são submetidos. São as diferenças entre os estratos socioculturais (nível culto, nível popular, língua padrão), ou seja, são as variações que acontecem de um grupo social para outro. Relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala.
Perceberemos melhor esse tipo de variação linguística assistindo aos vídeos abaixo, com as personagens da peça 7 conto. O texto e a atuação dessa comédia ficam por conta do ator Luis Miranda. O espetáculo mostra, de uma maneira muito bem humorada, as diversas versões do Brasil por meio de sete personagens, todos criados e recriados pelo ator. Vejamos a diferença na fala de Dona Edite (primeiro vídeo) e na de Sheila (segundo vídeo).
Mas ATENÇÃO...! De antemão informo que é im-pos-sí-vel conter o riso...

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"A pessoa hoje, ela vive certa dificulidade que num é pá todo mundo não. É ou num é ou num é? É!!!"
"Aqui vocês vão incrontá dicas que é como isconder uma cumida, botá num lugar mais alto...
Quer dizer, são coisa que a gente vai fazê pá puder istruir..."
 
"Qué dizê, as pessoa acha que é só cumê... não é, não é!!!! E a higieni...?"
"É munthu isforço pá criá um filho hoje (...)
Eu vou fazê o quê? Eu vou matar? NããããO, não gente! Eu vou iducá, eu vou iscraricê...!"
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"Sinceramente, eu estou completamente irritada. Não sou de falar palavrões, mas me deu vontade de falar um palavrão... Poxa!"
"Eu fui nos Jardins... sentei dois minutos, no meu carro, e já estava completamente encharcada de suor..."

"Ninguém pode usar um casaco de pele aqui. Francamente, poxa, chego nos Jardins e, absolutamente esburacado, quebro meu prada..."

"Francamente, ou se tem um lugar decente para se andar no Brasil ou não se tem. Por isso é que eu prefiro Paris!" 
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Quer dizer, é ou num é ou num é uma variação acentudamente marcada na língua pela condição cultural e sócio-econômica das pessoas?


E o que é que a gente vai fazê?
Vai discriminá?
NããããããO!
Vai iducá, vai istrui, vai iscraricÊ!!!
rsrsrs
É ou num é ou num é ou num é????


A educação eficaz abarca essa questão, trazendo discussões a respeito da importância de se combater o preconceito linguístico e incentivar o respeito aos mais diferentes falares do país.


Obs.: Só dá para entender isso se assistir, no mínimo, o primeiro vídeo.

Variação linguística e Ensino de língua


O modo como a língua portuguesa é ensinada nas escolas vem sendo muito discutido nos últimos anos, no entanto, ainda há muito que se fazer.
Alfabetizar a criança que inicia seu processo escolar não é uma tarefa tão simples quanto aparenta ser. A criança antes de entrar na escola aprendeu a falar e a entender a linguagem, sem que essa fosse dividida em aulas; ao contrário, naturalmente ela foi exposta ao mundo linguistico desde o nascimento, participou e aprendeu na fala dos grupos com os quais ela conviveu.
A linguagem por ser um fator social e cultural, torna-se o espelho da comunidade linguística a que está ligada, logo, se cada indivíduo falasse como quisesse, não existiria linguagem da forma como é organizada socialmente, pois a sociedade auxilia no desempenho linguístico de seus membros.
Ao entrar na escola uma criança vinda de uma comunidade falante de um dialeto que não é o padrão, (entende-se língua padrão como símbolo de poder político, econômico e social) sentir-se-á discriminada por não dominar essa linguagem, e o que ela conquistou, o seu conhecimento, é ignorado.
Ao ensinar língua portuguesa para falantes nativos, a escola deve analisar se esse ensino não está de alguma forma subestimando a inteligência do aluno ou somente preocupado em transmitir conceitos e definições, deixando de lado o seu objetivo principal que é mostrar como a linguagem humana funciona, quais são suas propriedades e usos e como a variação linguística influencia no comportamento social do indivíduo.
Há, na escola, a preocupação em se transmitir teoria sem explicar a sua finalidade, busca-se o ensino da língua padrão (modo correto de falar e escrever, segundo as gramáticas normativas), sem considerar a linguagem que foi adquirida pela criança.
Observe-se, também que, a aquisição da linguagem não se refere unicamente à linguagem escrita, mas da fala (que apresenta variedade de dialetos), e de leitura. Logo, a criança que é capaz de revelar enorme capacidade de argumentar, dominando a linguagem oral não deve ser censurada ou tida como incapaz por não dominar tão bem a linguagem falada.
As incongruências ocorridas na linguagem escrita devem ser explicadas de tal forma que o educando entenda que não temos uma única forma de falar, mas que existem outras alternativas e, assim, como não se pode falar ou escrever como bem quiser, pois isso dificultaria a leitura entre as diversidades de dialetos (aqui entende-se dialetos, como modos diferentes de falar).
A variação linguística existente em nossa sociedade não é tratada na escola de maneira justa. Quando o aluno ainda não domina a norma padrão, a variação linguística que esse aluno carrega não é aceita, e é vista como errada a sua forma de expressão verbal e escrita.
Por que não aceitar essa variação como um meio diferente de expressão? Por que não partir do conhecimento que a criança tem de sua fala e da fala de seus colegas para então ensinar a língua padrão?
A escola deve mostrar que o dialeto-padrão é apenas uma das variedades de uma língua, sem excluir as demais formas e que não se precisa de uma gramática normativa (normas que devem ser seguidas), mas de uma gramática descritiva destinada a explicar como é o funcionamento da língua, bem como quais as regras regem seu uso.
Como deve ser então, o ensino de língua? Lembrar que não é a simples transmissão de conteúdos prontos, mas sim como uma tarefa de construção de conhecimento, de transformação e de preparo, para que o aluno compreenda melhor a sociedade em que vive, propiciando não só a aprendizagem do dialeto padrão, mas que entenda o ato de ler e escrever como instrumento para compreensão e construção do significado do mundo.

NOÇÕES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

 “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
 
CONCEITUAÇÃO

Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações lingüísticas.

TIPOS DE VARIAÇÃO SÓCIO-CULTURAL

Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1)

Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão?
E quem usaria a frase abaixo?
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2)

Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não freqüentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.

Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”. mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo).

Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio-culturais.

A VARIAÇÃO GEOGRÁFICA

A variação geográfica é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento lingüística, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc.

A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
“- Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!].
- Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora, em cemitério...(...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é sossego..”

A VARIAÇÃO HISTÓRICA

As línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações histórica.
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texo I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto 2, fala das palavras de hoje.

TEXTO
ANTIGAMENTE

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.(...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animátografo, e mais tarde ao cinemátografo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua.

(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
TEXTO 2
ENTRE PALAVRAS

Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e combinações de.

Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registra-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex...Existiam em 1940?

Ponha ai o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acunputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som pop, a arte op, as estruturas e a infra-estrutura.
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.

Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.

Olhe ai na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição.
Fundos de investimento, e dai? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. FenoliteBaquelite,.LP E compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click!

Nao havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luis. Algumas coisas começam a aparecer sob Getulio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral A enumeração caótica não é uma invenção critica de Leo Spitzer. Está ai, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)

Vício na fala - Oswald de Andrade


Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

ESCOLA E SOCIEDADE - Atividade do Estágio Supervisionado

Abaixo, uma projeção, a princípio, um esboço, com minhas reflexões a fim de atender às provocações postas por meu professor de Estágio Supervisonado I.

Ah! A charge com Mafalda e Manolito foi aqui colocada como recurso para também refletir sobre a questão...



Qual a função do processo educacional escolar em uma sociedade? Como isso tem ocorrido no Brasil?
Para entender a função do processo educacional escolar na sociedade não podemos deixar de destacar a existência de uma dicotomia social construída historicamente e acentuada, sobretudo, com o advento do capitalismo.
Por um lado há a classe dominante, que considera a educação como um meio de habilitar técnica, social, ideológica e politicamente a classe trabalhadora, os dominados. Assim, na sociedade de produção capitalista, o homem não é mais aquele sujeito histórico que se humaniza nas relações que vivencia com os outros, mas um indivíduo que deve ser educado/instruído para vender sua força de trabalho, tornando-se assim nada mais que um produto para gerar mais lucro ao sistema.
Ora, existe, nesta ideologia, outra função para a educação escolar que não seja a conservação do status quo, a conformação social e, por conseguinte, a “idiotização” dos alunos, excluindo dos mesmos a capacidade de julgar criticamente a realidade? Temos visto que a escola brasileira, em geral, preserva essa concepção de educação desde seu início até os dias atuais, ou seja, desde as primeiras intervenções educacionais, mediadas pela instituição escola, existe a submissão a esta concepção de educação, que visa sempre perpetuar a cômoda condição da classe dominante.
Para isso, a escola apresenta ao aluno o caráter abstrato do saber, utilizando métodos que são apresentados de forma linear, baseados na exposição verbal e na demonstração dos conteúdos, ignorando as outras formas de apropriação do conhecimento, bem como as experiências trazidas pelos alunos. O que acaba tornando a prática pedagógica estática, sem questionamentos da realidade e das relações existentes, sem pretender qualquer transformação da sociedade.
Vemos, com isso, que se trata de um controle da função social da escola para subordinar a educação aos objetivos do sistema capitalista, isto é, uma educação meramente em função da demanda do capital.
No entanto, em outro plano ideológico, compete à educação escolar o desenvolvimento físico, social, moral, emocional, filosófico, político e intelectual dos homens, enquanto sujeitos históricos, agentes de transformação social. Nesta perspectiva, a escola é uma agência de socialização, por meio da qual é possível a apropriação do saber social, o que engloba os conhecimentos, atitudes, valores etc., construídos historicamente pelas sociedades humanas, enfim, numa perspectiva crítica que percebe o homem em sua totalidade. Certamente, essa tendência de conceber a educação escolar como formadora de sujeitos críticos é oposta aos interesses da elite, por isso, é tão raramente promovida em nosso país. 
Isso posto, vemos que a função social da educação escolar é multifacetada, decorrente especialmente dessa relação dicotômica: a de luta entre classes. De um lado a conformação, a manutenção social; de outro, a possibilidade de modificação, de libertação, emancipação. Contudo, mesmo diante dessa problemática, é possível concluir que o real papel da educação escolar, enquanto uma prática que se relaciona dialogicamente com a sociedade e que se constitui em um importante instrumento no processo de intervenção e transformação social, é de elevar o nível de consciência do educando a respeito da realidade que o cerca, uma vez que esta não está pronta e acabada; a fim de torná-lo capaz para atuar eficazmente, no sentido de buscar sua emancipação econômica, política, social, cultural etc.
          Visando esse fim, a escola deve, para intervir viva, pedagógica e politicamente, levar em consideração, que a educação se constitui numa atividade humana e histórica que se define, não apenas em atividades isoladas e restritas aos seus muros, mas na totalidade das relações sociais.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Timidez - Cecília Meireles



Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

Peça Namíbia, não!

Aberta nova sessão especial a R$ 1 para comunidade acadêmica


A peça Namíbia, não!, dirigida pelo ator baiano Lázaro Ramos, terá sessão extra amanhã (29), às 16h, para estudantes, servidores e professores da UNEB e da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
O ingresso para o espetáculo, que está em cartaz na sala do coro do Teatro Castro Alves (TCA), no Campo Grande, em Salvador, está com preço simbólico de R$ 1 (um real). É necessário apresentar documento que comprove o vínculo com as universidades.
A peça retrata uma situação curiosa: a assinatura do governo brasileiro para uma medida provisória, no ano de 2016, que obriga todos os cidadãos negros a voltarem para a África.
“É uma reflexão sutil e divertida sobre o racismo”, destaca Socorro de Maria, produtora cultural do espetáculo.
O texto é assinado por Aldri Anunciação, que contracena na peça com Flávio Bauraqui.
Namíbia, não! Tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UNEB.

Nova temporada

A nova temporada do espetáculo segue com apresentações até o dia 1° de maio. A peça ficará em cartaz às sextas-feiras e aos domingos, sempre às 20h. O ingresso custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
Salvador está sediando a primeira montagem do texto e foi escolhida por ser a cidade com a maior população negra do país.

Informações: (71) 3332-0968.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

NADA NA LÍNGUA É POR ACASO:

ciência e senso comum na educação em língua materna
Marcos Bagno (Universidade de Brasília)

(Artigo de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006)

Quando o assunto é língua, existem na sociedade duas ordens de discurso que se contrapõem: (1) o discurso científico, embasado nas teorias da Lingüística moderna, que trabalha com as noções de variação e mudança; e (2) o discurso do senso comum, impregnado de concepções arcaicas sobre a linguagem e de preconceitos sociais fortemente arraigados, que opera com a noção de erro.
Para as ciências da linguagem, não existe erro na língua. Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação lingüística cumpre essa função plenamente. A noção de "erro" se prende a fenômenos sociais e culturais, que não estão incluídos no campo de interesse da Lingüística propriamente dita, isto é, da ciência que estuda a língua "em si mesma", em seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Para analisar as origens e as conseqüências da noção de "erro" na história das línguas será preciso recorrer a uma outra ciência, necessariamente interdisciplinar, a Sociolingüística, entendida aqui em sentido muito amplo, como o estudo das relações sociais intermediadas pela linguagem.

A noção de "erro" em língua nasce, no mundo ocidental, junto com as primeiras descrições sistemáticas de uma língua (a grega), empreendidas no mundo de cultura helenística, particularmente na cidade de Alexandria (Egito), que era o mais importante centro de cultura grega no século III a.C.
Como a língua grega tinha se tornado o idioma oficial do grande império formado pelas conquistas de Alexandre (356-323 a.C.), surgiu a necessidade de normatizar essa língua, ou seja, de criar um padrão uniforme e homogêneo que se erguesse acima das diferenças regionais e sociais para se transformar num instrumento de unificação política e cultural.

Data desse período o surgimento daquilo que hoje se chama, nos estudos lingüísticos, de Gramática Tradicional - um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente. Sendo uma abordagem não-científica, nos termos modernos de ciência, a Gramática Tradicional combinava intuições filosóficas e preconceitos sociais.

As intuições filosóficas que sustentam a Gramática Tradicional estão presentes até hoje na nomenclatura gramatical e nas definições que aparecem ali. Por exemplo, a noção de sujeito que encontramos em importantes compêndios normativos se expressa como "o sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração", ou coisa equivalente. Como é fácil perceber, não se trata de uma definição lingüística - nada se diz aí a respeito das funções do sujeito na sintaxe nem das características morfológicas do sujeito -, mas sim de uma definição metafísica, em que o próprio uso da palavra "ser" denuncia uma análise de cunho filosófico. Com isso, o emprego desta noção para um estudo propriamente lingüístico fica comprometido. Para comprovar isso, vamos examinar o seguinte enunciado:
(1) Nesta sala cabem duzentas pessoas.
Se tivermos de considerar a definição tradicional, seremos obrigados a classificar como sujeito o elemento "sala" do enunciado acima, já que é sobre a sala que se está "dizendo alguma coisa", se está "declarando algo". Ora, todos sabemos que no enunciado (1) o sujeito é "duzentas pessoas", porque, numa definição propriamente lingüística, o sujeito é o termo sobre o qual recai a predicação da oração e com o qual o verbo concorda.

Dificuldades semelhantes de lidar com as definições tradicionais aparecem quase a cada passo quando as estudamos com cuidado. Isso porque, repito, a Gramática Tradicional, ao se formar no século III a.C. como uma disciplina com pretensões ao estudo da língua, não produziu um corpo teórico propriamente lingüístico, mas se valeu de um importante aparato de especulações filosóficas que vinha se gestando na cultura grega desde o século V a.C., graças ao trabalho dos sofistas, de Platão, de Aristóteles, dos estóicos e de outros grandes pensadores, para os quais o estudo da linguagem humana (logos) era só uma etapa inicial para a compreensão de fenômenos de outra natureza, como o funcionamento da mente humana (psique) e sua correspondência com o funcionamento-organização do próprio universo (cosmo). Por tudo isso, a Gramática Tradicional merece ser estudada, como um importante patrimônio cultural do Ocidente, mas não para ser aplicada cegamente como única teoria lingüística válida nem, muito menos, como instrumental adequado para o ensino.

Além de ser anacrônica como teoria lingüística, a Gramática Tradicional também se constituiu com base em preconceitos sociais que revelam o tipo de sociedade em que ela surgiu - preconceitos que vêm sendo sistematicamente denunciados e combatidos desde o início da era moderna e mais enfaticamente nos últimos cem anos. Como produto intelectual de uma sociedade aristocrática, escravagista, oligárquica, fortemente hierarquizada, a Gramática Tradicional adotou como modelo de língua "exemplar" o uso característico de um grupo restrito de falantes:

" do sexo masculino;
" livres (não-escravos);
" membros da elite cultural (letrados);
" cidadãos (eleitores e elegíveis);
" membros da aristocracia política;
" detentores da riqueza econômica.
Os formuladores da Gramática Tradicional foram os primeiros a perceber as duas grandes características das línguas humanas: a variação (no tempo presente) e a mudança (com o passar do tempo). No entanto, a percepção que eles tiveram da variação e da mudança lingüísticas foi essencialmente negativa.

Por causa de seus preconceitos sociais, os primeiros gramáticos consideravam que somente os cidadãos do sexo masculino, membros da elite urbana, letrada e aristocrática falavam bem a língua. Com isso, todas as demais variedades regionais e sociais foram consideradas feias, corrompidas, defeituosas, pobres etc.

Ainda na questão da variação, os primeiros gramáticos, comparando a língua escrita dos grandes escritores do passado e a língua falada espontânea, concluíram que a língua falada era caótica, sem regras, ilógica, e que somente a língua escrita literária merecia ser estudada, analisada e servir de base para o modelo do "bom uso" do idioma. Essa separação rígida entre fala e escrita é rejeitada pelos estudos lingüísticos contemporâneos, mas continua viva na mentalidade da grande maioria das pessoas.

Comparando também a língua falada de seus contemporâneos e a língua escrita das grandes obras literárias do passado, eles concluíram que, com o tempo, a língua tinha se degenerado, se corrompido e que era preciso preservá-la da ruína e da deterioração. Tinham, portanto, uma visão pessimista da mudança, resultante do equívoco metodológico - que só veio a ser detectado e abandonado muito recentemente - de comparar duas modalidades muito distintas de uso da língua (a escrita literária e a fala espontânea), desconsiderando a existência de um amplo espectro contínuo de gêneros discursivos entre esses dois extremos.

Com isso, os elaboradores das primeiras obras gramaticais do mundo ocidental definiram os rumos dos estudos lingüísticos que iam perdurar por mais de 2.000 anos:
" desprezo pela língua falada e supervalorização da língua escrita literária;
" estigmatização das variedades não-urbanas, não-letradas, usadas por falantes excluídos das camadas sociais de prestígio (exclusão que atingia todas as mulheres);
" criação de um modelo idealizado de língua, distante da fala real contemporânea, baseado em opções já obsoletas (extraídas da literatura do passado) e transmitido apenas a um grupo restrito de falantes, os que tinham acesso à escolarização formal.
Com isso, passa a ser visto como erro todo e qualquer uso que escape desse modelo idealizado, toda e qualquer opção que esteja distante da linguagem literária consagrada; toda pronúncia, todo vocabulário e toda sintaxe que revelem a origem social desprestigiada do falante; tudo o que não conste dos usos das classes sociais letradas urbanas com acesso à escolarização formal e à cultura legitimada. Assim, fica excluída do "bem falar" a imensa maioria das pessoas - um tipo de exclusão que se perpetua em boa medida até a atualidade.

Os preceitos e preconceitos da Gramática Tradicional só começaram a ser questionados a partir do século XIX, com o surgimento das primeiras investigações lingüísticas de caráter propriamente científico. Embora contestada pela ciência moderna, aquela visão arcaica e preconceituosa de língua e de linguagem penetrou no senso comum ocidental e ali permanece firme e forte até hoje.

O processo de normatização, ou padronização, retira a língua de sua realidade social, complexa e dinâmica, para transformá-la num objeto externo aos falantes, numa entidade com "vida própria", (supostamente) independente dos seres humanos que a falam, escrevem, lêem e interagem por meio dela.
Isso torna possível falar de "atentado contra o idioma", de "pecado contra a língua", de "atropelar a gramática" ou "tropeçar" no uso do vernáculo. Todo esse discurso dá a entender (enganosamente) que a língua está fora de nós, é um objeto externo, alguma coisa que não nos pertence e que, para piorar, é de difícil acesso.

A criação de um padrão de língua muito distante da realidade dos usos atuais fez surgir, em todas as sociedades ocidentais, uma milenar "tradição da queixa". Em todos os países, em todos os períodos históricos, sempre aparecem as manifestações daqueles que lamentam e deploram a "ruína" da língua, a "corrupção" do idioma etc. Acerca da suposta decadência da língua portuguesa, sirvam de exemplos as seguintes declarações apocalípticas, que se desdobram ao longo de quase trezentos anos:

" "Se não existissem livros compostos por frades, em que o tesouro está conservado, dentro em pouco podíamos dizer: ora morreu a língua portuguesa, e não descansa em paz" (José Agostinho de Macedo [1761-1831], escritor português).
" "Temos a prosa histérica, abastardada, exangue e desfalecida de uma raça moribunda. A nossa pobre geração de anémicos dá à história das letras um ciclo de tatibitates" (Ramalho Ortigão [1836-1915], escritor e político português).
" "[...] português - um idioma que de tão maltratado no dia-a-dia dos brasileiros precisa ser divulgado e explicado para os milhões que o têm como língua materna" (Mario Sabino, Veja, 10/9/1997).
" "Não fique nenhuma dúvida, o português do Brasil caminha para a degradação total" (Marcos de Castro, A imprensa e o caos na ortografia, Ed. Record, 1998, p. 10-11).
" "Que língua falamos? A resposta veio das terras lusitanas. Falamos o caipirês. Sem nenhum compromisso com a gramática portuguesa. Vale tudo [...]" (Dad Squarisi, Correio Braziliense, 22/7/1996).
" "Nunca se escreveu e falou tão mal o idioma de Ruy Barbosa" (Arnaldo Niskier, Folha de S. Paulo, 15/1/1998).
" "[...] o usuário brasileiro da língua [...] comete erros, impropriedades, idiotismos, solecismos, barbarismos e, principalmente, barbaridades" (Luís Antônio Giron, revista Cult, no 58, junho de 2002, p. 37).
Em contraposição à noção de "erro", e à "tradição da queixa" derivada dela, a ciência lingüística oferece os conceitos de variação e mudança. Enquanto a Gramática Tradicional tenta definir a "língua" como uma entidade abstrata e homogênea, a Lingüística concebe a língua como uma realidade intrinsecamente heterogênea, variável, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem os seus falantes. Uma sociedade extremamente dinâmica e multifacetada só pode apresentar uma língua igualmente dinâmica e multifacetada.

Ao contrário da Gramática Tradicional, que afirma que existe apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Lingüística demonstra que todas as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica lingüística perfeitamente demonstrável. Ou seja: nada na língua é por acaso.

Por exemplo: para os falantes urbanos escolarizados, pronúncias como broco, ingrês, chicrete, pranta etc. são feias, erradas e toscas. Essa avaliação se prende essencialmente ao fato dessas pronúncias caracterizarem falantes socialmente desprestigiados (analfabetos, pobres, moradores da zona rural etc.). No entanto, a transformação do L em R nos encontros consonantais ocorreu amplamente na história da língua portuguesa. Muitas palavras que hoje têm um R apresentavam um L na origem:
LATIM PORTG.
blandu- brando
clavu- cravo
duplu- dobro
flaccu- fraco
fluxu- frouxo
obligare obrigar
placere- prazer
plicare pregar
plumbu- prumo

Assim, o suposto "erro" é na verdade perfeitamente explicável: trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não-escolarizados levam adiante. Esse fenômeno tem até um nome técnico na lingüística histórica: rotacismo.
Esse é só um mínimo exemplo de que tudo o que é chamado de "erro" tem uma explicação científica, tem uma razão de ser, que pode ser de ordem fonética, semântica, sintática, pragmática, discursiva, cognitiva etc. Falar em "erro" na língua, dentro do ambiente pedagógico, é negar o valor das teorias científicas e da busca de explicações racionais para os fenômenos que nos cercam.

O exemplo apresentado acima (mudança de L para R em encontros consonantais) não deve levar ninguém a supor que esses fenômenos variáveis e mutantes só ocorrem na língua dos falantes rurais, sem escolarização, pobres etc. Eles também ocorrem na língua dos falantes "cultos", urbanos, letrados etc., muito embora esses mesmos falantes acreditem ser os legítimos representantes da língua "certa".

Alugam-se salas ou aluga-se salas? Apesar da gramática normativa exigir o verbo no plural, a grande maioria dos brasileiros mantém o verbo no singular. E não é por ignorância nem por preguiça nem por qualquer outra explicação preconceituosa desse tipo. A análise sintática tradicional é que é ilógica, ao atribuir o papel de sujeito a "salas", como se "salas" pudessem alugar alguma coisa, um verbo que só pode ser desempenhado por seres humanos. O falante, intuitivamente, analisa "salas" como objeto direto e o pronome "se" como o verdadeiro sujeito da oração, semanticamente indeterminado - e como não existe concordância de verbo com objeto, fica o verbo no singular. Essa mudança já está presente até mesmo na língua escrita mais monitorada:
(2) "Por falta de trigo, durante séculos comeu-se aqui, como substitutivo do pão, bolos e bolachas feitos à base de mandioca, milho e outros produtos da terra". (Nossa História, ano 2, n.15, p. 89, janeiro de 2005).
(3) "Procura-se intérpretes de klingon, o dialeto criado para o seriado Jornada nas Estrelas. O anúncio foi feito por um manicômio em Oregon, EUA. Alguns de seus pacientes só se comunicam usando a linguagem estrelar." (IstoÉ, 21/5/2003, n. 1755, p. 20).
(4) "Mas a efeméride dos 95 anos [de Noel Rosa] parece que, de fato, passará em silêncio. Espera-se as maiores homenagens para o seu centenário, em 2010 [...]" (Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 6, dez. 2005, p. 11).
Diante de tudo o que se argumentou até agora, como devemos tratar os fenômenos de variação e mudança na educação em língua materna?
Existem três respostas possíveis:
(a) desconsiderar as contribuições da ciência lingüística e levar adiante a noção de "erro", insistindo no ensino da gramática normativa e da norma-padrão tradicional como única forma "certa" de uso da língua;
(b) aceitar as contribuições da ciência lingüística e desprezar totalmente a antiga noção de "erro", substituindo-a pelos conceitos de variação e mudança;
(c) reconhecer que a escola é o lugar de interseção inevitável entre o saber erudito-científico e o senso comum, e que isso deve ser empregado em favor do aluno e da formação de sua cidadania.
A opção (a), embora apareça quase diariamente na mídia, defendida pelos atuais "defensores" da língua que se apoderaram dos meios de comunicação, tem de ser veementemente rejeitada por causa de seu caráter obscurantista, autoritário e, muitas vezes, irracional.

A opção (b), apesar de sua aparência de postura inovadora e progressista, na verdade despreza uma análise da dinâmica social e da complexidade das relações entre as pessoas por meio da linguagem.
Acreditamos que a opção (c) é aquela que melhor nos orienta para um tratamento sereno e equilibrado do intrincado relacionamento entre linguagem-sociedade-ensino. Esta opção nos ajuda a compreender a "dupla face" do que se chama, no senso comum, de "erro de português":
Qualquer análise que desconsidere um desses pontos de vista - o científico e o do senso-comum - será, fatalmente, incompleta e não permitirá uma reflexão que permita analisar a realidade lingüístico-social nem a elaboração de políticas que auxiliem na constituição de um ensino verdadeiramente democrático e formador de cidadãos.

A escola não pode desconsiderar um fato incontornável: os comportamentos sociais não são ditados pelo conhecimento científico, mas por outra ordem de saberes (representações, ideologias, preconceitos, mitos, superstições, crenças tradicionais, folclore etc.). Essa outra ordem de saberes pode sofrer influência dos avanços científicos, mas quase sempre essa influência se faz de forma parcial, redutora e distorcida. Querer fazer ciência a todo custo sem levar em conta a dinâmica social, com suas demandas e seus conflitos, é uma luta fadada ao fracasso.

A Sociolingüística nos ensina que onde tem variação (lingüística) sempre tem avaliação (social). Nossa sociedade é profundamente hierarquizada e, conseqüentemente, todos os valores culturais e simbólicos que nela circulam também estão dispostos em categorias hierárquicas que vão do "bom" ao "ruim", do "certo" ao "errado", do "feio" ao "bonito" etc. E entre esses valores culturais e simbólicos está a língua, certamente o mais importante deles. Por mais que os lingüistas rejeitem a norma-padrão tradicional, por não corresponder às realidades de uso da língua, eles não podem desprezar o fato de que, como bem simbólico, existe uma demanda social por essa "língua certa", identificada como um instrumento que permite acesso ao círculo dos poderosos, dos que gozam de prestígio na sociedade. [box: Haugen]
Uma das tarefas do ensino de língua na escola seria, portanto, discutir criticamente os valores sociais atribuídos a cada variante lingüística, chamando a atenção para a carga de discriminação que pesa sobre determinados usos da língua, de modo a conscientizar o aluno de que sua produção lingüística, oral ou escrita, estará sempre sujeita a uma avaliação social, positiva ou negativa.

Podemos, por exemplo, ao encontrar formas não-padrão na produção oral e escrita de nossos alunos, oferecer a eles a opção de "traduzir" seus enunciados para a forma que goza de prestígio, para que eles se conscientizem da existência dessas regras. A consciência gera responsabilidade. E é ao usuário da língua, ao falante/escrevente bom conhecedor das opções oferecidas pelo idioma, que caberá fazer a escolha dele, eleger as opções dele, mesmo que elas sejam menos aceitáveis por parte de membros de outras camadas sociais diferentes da dele. O que não podemos é negar a ele o conhecimento de todas as opções possíveis.

Para realizar essa tarefa, o docente precisa se apoderar do instrumental que a ciência lingüística, e mais especificamente a Sociolingüística, oferece para a análise criteriosa dos fenômenos de variação e mudança lingüística.

O profissional da educação tem que saber reconhecer os fenômenos lingüísticos que ocorrem em sala de aula, reconhecer o perfil sociolingüístico de seus alunos para, junto com eles, empreender uma educação em língua materna que leve em conta o grande saber lingüístico prévio dos aprendizes e que possibilite a ampliação incessante do seu repertório verbal e de sua competência comunicativa, na construção de relações sociais permeadas pela linguagem cada vez mais democráticas e não-discriminadoras.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Cibercultura e educação


O futuro dos sistemas de educação e de formação na cibercultura, de acordo com Pierre Levy, deve ser refletido sobre as mudanças contemporâneas da relação com o saber. Para ele, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva mudam profundamente os dados do problema sobre educação e da formação desses conhecimentos, deste modo, é necessário pensar em novos modelos de espaço dos conhecimentos, estes, por sua vez, devem ser abertos contínuos, em fluxo, não lineares, se organizando de acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva. É importante pensar sobre essas questões, afinal, a sociedade vive tempos de muitas mudanças, e estas tem-se dado de maneira tão abrupta que, às vezes, sequer nos damos conta.  

Há palavras que nos beijam - Alexandre O’ Neill

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Aniversário de um mês do Blog!!!

Em comemoração ao...

publico esta postagem em agradecimento a todos os que já passaram, aos que passarão por aqui e àquela que "passarinho"... rsrs 

Este Baby nasceu no dia 25 de março de 2011, como fruto do meu intenso amor pelo conhecimento e orientação da disciplina Educação e Tecnologias Contemporâneas - EDC287. Como a criadora (euzinha) vive na correria das atividades acadêmicas, não foi possível postar ontem, mas, é claro que esse "big big" não ia passa em branco!!!

Deste modo, dedico o meu agradecer aos mais de 650 acessos do mês (número que me IMPRESSIONOU!), oriundos da Índia, China, França, Dinamarca, Cingapura, Estados Unidos, Portugal e do meu querido Brasil:



Tak!
न्यवा


Merci
Thank you
Muito obrigada!



Mais postagens instigantes em breve...
Aguarde*!


*Estou no período de muito estudo, provas e seminários.
Está muy difícil, una locura... :(

Desafios da educação na sociedade do conhecimento

Artigo publicado na Revista Presente! número 38, Setembro – 2002.

Nelson De Luca Pretto

A mundialização da economia, evidente em todos os recantos, tem levado, muitas vezes, a generalizações sobre o processo de globalização nem sempre coerentes com outros movimentos fora da área econômica. Percebe-se, conforme já afirmou Gianni Vattimo (1991), uma também multiplicação de valores e culturas locais, mesmo com a grande concentração de capital e de empresas no mundo da mídia.
O desenvolvimento científico e tecnológico que estamos experimentando tem exigido das nações programas específicos visando a sua inserção e sua interação nesse mundo de múltiplas e velozes conexões. Esses programas, denominados de Sociedade da Informação, já foram definidos em muitos países, e agora, encontra-se em andamento no Brasil.
Os sistemas educacionais têm sido profundamente questionados por não buscarem fundamentos que possibilitem a efetivação da formação necessária às novas competências para o cidadão planetário. O desafio da universalização do ensino e da formação continuada impõe um raciocínio que, a meu ver, não aborda a questão por uma via aceitável. Um dos aspectos que vem chamando a atenção ao longo da última década é a ênfase que se tem dado à educação a distância como sendo a grande possibilidade de superação desses desafios educacionais contemporâneos. Mais do que isso, o que percebemos é que as questões nessa área são interpretadas como simples conseqüência da evolução das tecnologias, mais precisamente da evolução da computação. Penso que não estamos percebendo que o desafio que está sendo posto vai muito além da simples incorporação dessas tecnologias como novas interfaces comunicacionais.
Essa concepção de uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) tem sido experimentada em várias países do mundo e já começamos verificar um certo descaso sobre a sua verdadeira eficácia. Já está virando senso comum afirmar-se que a incorporação dos computadores na educação não pode ser mera repetição dos tradicionais cursos ou aulas, estando as mesmas, no entanto, ainda centradas na superada e tradicional concepção das tecnologias educacionais, associadas à práticas de instruções programadas tão conhecidas dos educadores algumas décadas atrás.
Numa outra dimensão, também já quase senso comum, é entender que o uso dessas tecnologias será um fracasso, sem dúvida, se insistirmos na sua introdução como ferramentas, apenas como mero auxiliares do processo educacional, de um processo “caduco”, que continua sendo imposto ao cotidiano das pessoas que vivem um outro movimento histórico. Em todas essas situações, a distinção entre a educação presencial ou a distância, faz pouco sentido pois estando essas tecnologias presentes, mudam as dimensões espaço-tempo e, com isso, essa distinção presencial – a distância esvazia-se de sentido.
O problema posto na mesa, agora, é a necessidade de considerar que esse movimento contemporâneo proporciona a oportunidade sem igual de aproximar novas (e velhas!) tecnologias ao processo educativo como uma possibilidade única de superar as falácias dos sistemas tradicionais de ensino – as conhecidas Pedagogias da Assimilação partindo para compreendermos a educação enquanto processo que se constrói-se a partir da diferença, instituindo o que estamos chamando de Pedagogias da Diferença.(Pretto, 2000). Mais do que isso, não é possível que os educadores fiquem esperando que as outras áreas (comunicação, informática e engenharias, para citar os exemplos mais conhecidos no Brasil) ocupem sozinhas esse espaço, que é eminentemente um espaço pedagógico. Esse não é um argumento corporativista pois não se está defendendo, que os educadores ocupem sozinhos esses espaços. A primeira e mais evidente razão para a não adoção dessa visão corporativa é a de que isso nem é mais possível. O exemplo da produção educativa para a televisão já foi bastante evidente e essa dicotomia entre aqueles que sabem televisão e os chamados conteudistas tem-se mostrado completamente superada, tanto do ponto de vista teórico como pratico. O momento exige que tenhamos uma maior integração entre aquelas áreas que antes eram chamadas apenas de áreas meios com aquelas chamadas de áreas de conteúdo. Instala-se assim, obrigatoriamente, um processo de negociação permanente entre as mais diversas áreas, com especial ênfase à Internet, e à toda uma formação da comunidade escolar (estudantes, professores, direção, comunidade vizinha) para o uso pleno das tecnologias.
Essa ênfase na negociação, segundo relaciona-se à Inteligência Coletiva e seu aspecto participativo, socializante, emancipador, necessários ao entendimento da complexidade que perpassa o simples reproduzir conteúdos pelo processo de mudanças na produção cooperativa e conectiva do saber-fazer às competências humanas.
O desafio que se coloca, nesse sentido, é o de viabilizar uma política que considere a escola – e nosso objetivo aqui é falar da escola mesmo, da educação dita formal, aquela que acontece e continuará acontecendo no espaço escolar! – como sendo um novo espaço, um espaço aberto às interações, só que agora, pegando emprestado da física, um espaço aberto de interações não lineares.
Para a viabilização de um projeto político como esse, torna-se necessário pensar nas escolas conectadas. A conexão passa a ser, consequentemente, a palavra de ordem primordial e significa simultaneamente acesso às tecnologias em si e à infra estrutura de comunicação.
Para isso já existe no país uma legislação específica, faltando, no entanto, a sua regulamentação e, com isso, viabilizar a sua implantação. A Lei Geral das Telecomunicações (LGT) ao ser promulgada, em 1997, instituiu o Fundo de Universalização dos Serviços das Telecomunicações (FUST), projeto de lei que busca dar suporte à implantação de redes públicas que estão à disposição de projetos educacionais. De 1997, quando a lei foi promulgada, até os dias de hoje, esse fundo não foi regulamentado e, consequentemente, não está sendo aplicado, gerando, de um lado, uma perda considerável de recursos e, de outro, um enorme atraso na possibilidade de desenvolver uma política educacional que tenha outras bases, não a da simples transmissão de informações.
A questão não é simples pois a viabilização desse fundo envolve somas consideráveis de recursos. Para se ter uma idéia, e de acordo com o senador Lúcio Alcântara, “pelas estimativas, se o fundo fosse aprovado neste ano [1999], teríamos, no ano de 2000, uma expectativa de receita da ordem de 760 milhões, para chegarmos ao ano de 2003 com uma receita prevista de 280 milhões. Isso ocorreria por uma razão muito simples: grande parte dessa receita decorre de privatizações e de parcelas que estão sendo amortizadas do processo de privatização.”
Com o não recolhimento, esses recursos ficam de posse dos próprios operadores do sistema telefônico e, com isso, ficamos praticamente três anos sem poder usar mais recursos para poder avançar nessa questão. Essa perda aparece como um fator relevante à não expansão das TICs na educação.
Paralelamente, desde 1999 vem sendo construído o Programa Sociedade da Informação [http://www.socinfo.org.br], lançado pelo Presidente da Republica em dezembro de 1999, que é de estratégica importância para essas transformações na área da educação. A metodologia de implantação do Programa prevê a elaboração, ao longo desse primeiro semestre de 2000, do chamado livro verde que está sendo produzido por cerca de 13 GTs, cada qual com, em média, 10 componentes, que representam diversas instâncias da sociedade civil, do governo, de organizações não governamentais, empresas, indústrias. Esse livro contém as bases iniciais para que se possa promover a discussão dos princípios ali expostos e, a partir de ampla discussão com a sociedade, pretende-se preparar o livro branco onde deverão estar definidos aspectos fundamentais da relação da nação brasileira com as tecnologias de comunicação e informação.
O Grupo de Trabalho de Educação tem pautado sua atuação no sentido de fortalecer a idéia de que este programa é muito mais que um programa da sociedade de informação, constituindo-se numa proposta de construção de um projeto de sociedade. Para esse GT, a linha de ação básica é a “formação para a cidadania”, devendo ser ela o eixo fundamental de todo o processo. O Programa deverá, então, explicitar de forma clara e contundente o objetivo de que a sociedade disponibilize para todos seus cidadãos o acesso às possibilidades de desenvolvimento integral como ser humano, em suas dimensões individual e social, objetiva e subjetiva. Ainda nesse sentido, insistimos que isso somente é possível se, no mínimo, duas questões básicas foram consideradas. De um lado, a conectividade física das escolas, conforme já nos referimos. De outro, a preparação dos cidadãos para esse mundo tecnológico. Precisamos, nessa linha, estar atentos tanto à formação dos professores que estão nas universidades ou em cursos de formação de professores, como àqueles que estão em serviço, já atuando no sistema. Essas duas questões são primordiais e fundamentais à busca de competências necessárias a formação e atuação dos cidadãos nessa sociedade “glocal”, que busca a expansão e a efetivação do espaço cibernético como espaço de saber resignificado.
Nessa simultaneidade de ações não se pode imaginar que seja possível continuar a trabalhar com projetos/programas que insistam na lógica da simples passagem de conteúdos para os alunos. Muito menos, podemos no contentar com a perspectiva de um mera preparação para o mundo do trabalho. Usando relatórios de OCDE de 1987, Boaventura de Sousa Santos descreve as expectativas de empresário ingleses sobre a formação universitária. A pesquisa da OCDE revela que o que se espera é que a “acima de tudo que a universidade os submeta [os jovens] a experiências pedagógicas que, independentemente do curso escolhido, criem flexibilidade, promovam o desenvolvimento pessoal e agucem a motivação individual”. (Santos, 1997, p. 198). Ou seja, que o sistema educacional proporcione a valorização e a busca de competências que o aluno desejar, pois o desejar depende muito desta flexibilização instituinte.
Temos, portanto, uma oportunidade sem igual pois podemos ter, simultaneamente, a escola atuando na sua dimensão local mais próxima e numa outra dimensão, planetária, fazendo com que a escola deixe de ser apenas uma repassadora de informações. A mudança dessa concepção exige uma escola centrada num amplo programa de conexão – montagem de redes tecnológicas –, onde a formação se dê de forma continuada, num misto de presença e distância. Essa concepção de formação possibilitaria a inúmeras pessoas estarem participando, trocando, discutindo e descobrindo novas formas de fazer e validar competências e experiências singularizadas.
O que temos visto, no entanto, é a falta de algo mais arrojado no sentido do estabelecimento de efetivas redes de comunicações. Já começamos a ver uma certa unanimidade quando se fala da incorporação das TICs na educação. Muito se fala de transformações profundas, do importante papel do professor, da necessidade de considerar os rítimos e velocidades dos alunos, nas transversalidades e interdiscplinaridades mas, na prática, continuamos, na operacionalização dessas propostas teóricas, reproduzindo as velhas práticas, métodos e sistemas. Percebe-se um descompasso entre o que se propõe do ponto de vista teórico e o que se configura como sendo a operacionalização das propostas, ou seja a proposta teórica desenvolvida por autores-educadores, não consegue adentrar os portões da escola e proporcionar, na prática, àquele menino ou menina a participarem da sociedade da informação.
O fortalecimento de um conjunto de ações mais continuadas com o uso de tecnologias contemporâneas de comunicação e informação no cotidiano da escola tem que se dar a partir da articulação intensa de ações com a perspectiva de associar a montagem da rede tanto no sentido físico como no sentido teórico, de forma a fortalecer uma nova concepção de currículo que não mais se constitua numa grade – em sentido estrito e em sentido figurado também – com um elenco de disciplinas e ementas soltas, que passam a se encaixar na grade, formando o todo, estando as disciplinas elencadas e arrumadas em seqüência hierárquica, uma sendo pré requisito para as demais, que se somariam linearmente.
A escola, numa nova perspectiva, passa a ter um papel muito mais forte, um papel significativo na formação das novas competências, que não sejam necessariamente competências vinculadas à perspectiva de mercado que domina hoje toda a sociedade. Que não seja, enfim, uma simples preparação para o mercado, mas que sejam capazes de produzir uma sinergia entre competências, informações e novos saberes.
Valores como solidariedade, trabalho coletivo, ética, passam a ser recuperados nesse contexto, a partir de um trabalho mais abrangente que tenha as novas tecnologias de comunicação e informação como elementos estruturantes desse novo pensar e viver. (Pretto, 1996)
Para encerrar, creio que seja importante recuperar um mensagem recebida de uma monitora do Movimento dos Sem Terra (MST), durante um curso do PRONERA, na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, em janeiro de 1999.
Permeando as aulas que ministrávamos de português, matemática, ciências, Internet e produção de vídeos, os monitores participaram de um debate sobre o FUST e a LGT. Durante os momentos em que os 60 monitores praticavam informática fomos recebendo os primeiros e-mails dessa população que sempre caracterizou-se pela palavra SEM. Estávamos trabalhando para diminuir as possibilidades de, num futuro bem próximo, eles também passarem a ser SEM-conexão e SEM-alfabetização digital necessária para o mundo contemporâneo. O que se destacou desse conjunto de primeiras mensagens recebidas foi a evidência do espirito de solidariedade que preside o Movimento dos Sem Terra e que estava também presidindo o nosso curso e consequentemente, quase todas as mensagens recebidas. A preocupação básica era com o companheiro que ficou no assentamento e não apenas com o crescimento pessoal de cada monitor. Creio que essa é a maior lição que eu podia ter recebido ao longo de toda minha vida profissional. Para encerrar, vejam o que me disse Suzy, quase como sendo a manifestação dos 60 ali presentes.
From: suzysuzart [suzysuzart@bol.com.br]
Sent: Terça-feira, 1 de Fevereiro de 2000 11:52
Subject: mensagem
Nelson e um momento muito gratificante para nos pois esse curso e maravilhoso onde estamos aprendendo informatica coisa que ainda nao conheciamos e agora vem o mais dificil que e passar para os nossos alunos poder dividir esse momento seria muito importante para eles fica suplica de quem sabe um dia levar a internet para os assentamentos desde ja agradecemos ao Pronera a formação para nossos alunos. E Seria um sonho ter internet nos assentamento quem sabe o pronera realizar esse sonho de conhecimento. beijos suzysuzart SUCESSO …. PRONERA. [destaque meu]
Um sonho, talvez! Mas possível de ser concretizado se pensarmos numa transformação profunda nesse sistema que possibilita leis como a do FUST fiquem sem regulamentação tanto tempo. Mudanças nessas políticas podem ser um passo na direção de, um dia, construirmos um país mais justo, menos desigual e mais feliz.

Referências
Pretto, Nelson De. Luca Uma escola sem/com Futuro: educação e multimídia. Campinas/SP, Papirus, 1996.
Pretto, Nelson De Luca Construindo um escola sem rumo – documentos da gestão. Salvador, encarte, 2000.
Santos, Boaventura d. S.. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo, Cortez, 1997.
Vattimo, Gianni A sociedade transparente. Rio de Janeiro, Edições 70, 1991.